Mato Grosso volta a abater grande volume de matrizes

Publicado em 29/06/2011 14:12
Produtores alegam necessidade de minimizar os estragos causados pelo clima em suas pastagens. Mas decisão pode trazer problemas futuros. - São Paulo

O Mato Grosso parece novamente caminhar para o abate indiscriminado de matrizes bovinas neste ano. Desde fevereiro, o volume de fêmeas abatidas por mês supera a quantidade de machos. Segundo o Instituto Mato-grossense de Economia  Agropecuária (Imea), a principal razão para esse ato é a degradação das pastagens do estado, que sofreram com o clima seco no ano passado, e com os grandes volumes de chuvas vistas no começo do ano.

O abate de bovinos em Mato Grosso atingiu a marca de 424,5 mil cabeças no mês de maio. Esse montante é o maior volume registrado desde janeiro de 2008, quando os frigoríficos do estado abateram 431,1 mil cabeças.

Essa quantidade de animais abatidos representa um incremento de 20% se comparado a abril deste ano, e 8,5% ante o mesmo mês do ano passado. Ao todo o estado abateu 1,9 milhão de cabeças nos primeiros cinco meses do ano, volume 2% acima ao registrado em igual período do ano passado. "Os abates de bovinos aumentaram pela eficiência das indústrias brasileiras que conseguiram exportar mais, e fechar novos negócios. Se continuarmos assim podemos chegar no nível de embarques que tínhamos antes da crise financeira global em 2008", afirmou o superintendente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Luciano Vacari.

Além de melhorar suas vendas, outro fato que justifica o incremento nos abates do estado, considerou Vacari, é que os frigoríficos adotaram uma estratégia comercial de reduzir suas compras em abril para pressionar o mercado, provocando uma diminuição nos preços em maio, que recuaram para R$ 85 a arroba ante os R$ 90 vistos na média de abril.

Entretanto o que parecia um resultado positivo pode ganhar ares preocupantes nos próximos meses, já que grande parte desses volumes de abates é de fêmeas. No mês passado, o abate de vacas ficou em 214 mil cabeças, contra 210 mil machos. Esse volume foi 17,9% maior que os abates de abril, e 54,2% acima do observado em maio do ano passado. "É normal que exista o abate de matrizes, principalmente no primeiro semestre do ano. O problema é que em épocas de crise esse volume aumenta, como vimos este ano. Em 2006 e 2007 tivemos um abate de fêmeas muito grande dada a uma crise de preços, e os pecuaristas se livraram de suas fêmeas. Este ano, por conta do clima, vivemos uma situação parecida", disse Vacari.

Em abril, o abate de fêmeas já representava 51,3% do total de 353,5 mil animais abatidos. Em março as vacas foram responsáveis por 51,9% dos 377 mil animais, e em fevereiro 50,3% de abates de fêmeas. "Temos essa crise instalada no estado e o produtor teve de fazer uma opção, pois ele não tinha pastagens suficientes para engordar todo seu gado, e resolveu abater as fêmeas. Agora, se isso vai se tornar um problema como vimos em 2008, não dá para saber. Se isso seguir até o final do ano a coisa complica", alertou o superintendente.

Em recente pesquisa realizada pelo Imea foi constatado que 2,2 milhões de hectares de pastagens do Mato Grosso foram devastados completamente devido às últimas condições climáticas. As fortes secas no final de 2010 castigaram os pastos e as chuvas intensas de 2011 aumentaram a umidade, favorecendo a proliferação de fungos e pragas agrícolas, como cigarrinhas e lagartas. "É claro que a falta de investimentos e a não renovação das pastagens contribuíram para esse resultado, agora temos de ficar atentos para não criarmos uma crise futura. Nós esperamos um crescimento de 3% no rebanho por ano. Agora, se esse abate de matrizes continuar, podemos ver uma redução nesse número, caso a gente não descubra de onde vem os abates", comentou Vacari.

O rebanho atual do estado é de 29 milhões de animais, com aproximadamente 35 mil produtores. Os abates totais neste ano devem ficar na casa dos 4,5 milhões de cabeças, contra os 4,3 milhões obtidos no ano passado.

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Fonte:
DCI

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