Confinamento de gado deve crescer no País

Publicado em 15/09/2011 07:50
A urgência de elevar a produtividade, em um ambiente de alta dos preços da carne bovina, e o apelo ambiental são fatores que devem estimular o aumento do confinamento de animais no Brasil nos próximos anos, avaliou dirigente de entidade que reúne confinadores no país.

"O Brasil não exporta mais preço, agora tem que vender qualidade", afirmou Eduardo Moura, presidente da Associação Nacional dos Confinadores (Assocon). O confinamento de animais é realizado na entressafra para manter o peso dos bois no período da seca, quando o pasto perde vigor nutricional e dificulta a engorda de animais destinados ao abate.

Custos mais altos e o real valorizado comprometem os valores da produção no Brasil e elevam o preço da carne brasileira, que se aproxima do praticado por seus principais concorrentes.

Moura observa que o Brasil sempre ofertou a carne a preços mais baixos no mercado internacional, mas atualmente vem perdendo esta vantagem comparativa.

"A arroba já chegou a bater 65 dólares. Uns anos atrás, quando se falava em arroba de 20 dólares já era uma loucura. Hoje, está em torno de 60 dólares", disse Moura, observando que estes são valores muito próximos aos dos Estados Unidos e Austrália. "Até chegou a ficar mais cara em alguns momentos", afirma.

No Brasil, a estratégia de confinamento ainda é uma opção pouco utilizada por pecuaristas, representando menos de 10 por cento dos cerca de 40 milhões de animais abatidos por ano no país. Nos principais concorrentes da carne brasileira, este porcentual é muito maior: chega a 60 por cento na Austrália e beira 80 por cento nos Estados Unidos, de acordo com Moura.

O executivo ressalta, porém, que estes países têm um perfil distinto, confinando animais mais novos, e obtendo alto nível de produtividade.

Ele explica que no Brasil os animais abatidos são mais leves se comparados ao padrão dos Estados Unidos ou da Austrália, que conseguem obter o máximo de rendimento, ou seja, animais com maior peso através do sistema de confinamento.

Em 2010, cerca de 2,7 milhões de animais foram confinados e a Assocon estima que poderá chegar 3 milhões de cabeças neste ano, pela perspectiva de preços mais altos da arroba.
"O preço pode estar menor que em 2010, mas continua acima do preço histórico para este período", afirmou Moura.

Nesta mesma época do ano passado, o indicador Esalq/BM&FBovespa (ESALQ17), uma referência para o mercado, oscilava perto de 93 reais. O valor da arroba chegou a superar 115 reais em novembro, diante da oferta limitade de animais para o abate. Atualmente, o indicador oscila próximo de 99 reais.

O clima seco no ano passado também influenciou, porque causou danos às pastagens em Mato Grosso, levando muitos produtores a optar pelo confinamento. "Em muitos casos, as pessoas não tinham opção, quer dizer não é porque queriam (confinar), mas o clima acabou empurrando para isso", afirmou.

Dados da Assocon indicam que os principais Estados confinadores são Goiás e Mato Grosso, que respondem por cerca de 50 por cento do número total de animais que utilizam este sistema de engorda no período de entressafra, de maio a outubro.

Na visão do presidente da Assocon, a restrição ambiental é outro fator de peso que estimulará o confinamento no Brasil nos próximos anos. "Desmatamento (para ter acesso a novas áreas de pastagem) não se tem mais", disse ele, argumentando que neste cenário é preciso investir em alternativas para garantir maior produtividade do rebanho.

Ele observou ainda que parte da área destinada à pastagem também deve perder espaço para a agricultura, em meio à forte alta dos grãos. "Isso também te leva a ter que buscar produtividade", acrescentou.

Com informações da Reuters

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Fonte:
Correio do Estado

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