Chuvas de verão influenciam a safra do café

Publicado em 20/01/2012 07:25
Enquanto muitas cidades lamentam o excesso de chuvas, nas lavouras de café, as águas têm sido benéficas. Essenciais nesse período para o enchimento dos grãos, a chuva vem contribuindo para perspectiva de recorde de safra do café para este ano (veja abaixo informações da Conab). Com a maioria das plantações preparadas desde meados de 2011, as chuvas iniciadas por volta de dezembro, no Espírito Santo e Minas Gerais, eram bastante esperadas. Ainda assim, os dois estados chegaram a registrar prejuízos pontuais em alguns municípios, mas nada que afete, até o momento, a boa perspectiva da produção estadual.

Instituições de pesquisa de Minas e Espírito Santo, participantes do Consórcio Pesquisa Café, cujo programa de pesquisa é coordenado pela Embrapa Café, explicam o benefício da chuva para a plantação nesse período, assim como a contribuição de tecnologias desenvolvidas com apoio do arranjo que ajudam no melhor aproveitamento das lavouras.

Segundo o coordenador do núcleo tecnológico do café da Epamig, César Botelho, as chuvas têm sido satisfatórias para a maioria das lavouras de Minas Gerais. Para plantações mais novas – de dezembro e janeiro – talvez haja algum prejuízo, devido à evasão de nutrientes e diminuição da proteção do solo decorrentes do escoamento das águas pela lavoura, mas nada que comprometa a safra total. “O produtor ainda pode adotar medidas preventivas de conservação do solo, como manejar o mato, levantar terraços emergenciais e bacias de contenção”, explica. A previsão é que, com a bienalidade positiva em 2012, o estado alcance uma produção maior do que a anterior.

Na região do sul de Minas Gerais, em Itamogi, houve prejuízos por conta da chuva de granizo que aconteceu nos últimos 30 dias, atingindo cerca de 17% da área em produção no município. A perda estimada foi de 10 mil sacas de café, prejuízo de mais de cinco milhões de reais. A previsão era de que o município colhesse cerca de 170 mil sacas nesta safra. O município tem 90% de sua economia baseada na lavoura cafeeira, formada integralmente por pequenos produtores.

No Espírito Santo, as chuvas trazem benefícios para o café conilon, mantendo as boas previsões de produção para este ano. “A chuva é bem-vinda”, ressalta o pesquisador do Incaper, Antônio Lani. Ele diz que a expectativa para região é que as chuvas durem até fevereiro. “O ideal é que chova até final de fevereiro, uma estiagem agora pode ser ruim para quem não tiver irrigação, gerando grãos mal formados. Aí sim, é prejuízo”. No estado, a produtividade do conilon vem crescendo a cada ano. O uso de tecnologias desenvolvidas com o apoio do Consórcio Pesquisa Café vem contribuindo para isso, inclusive nesse período de chuvas, como cultivares mais resistentes, técnicas de nutrição do solo, além de combate a pragas e doenças.

Estiagem no sul

Para a cafeicultura, assim como as chuvas, a estiagem na região produtora do Paraná também não chegou a afetar as lavouras de café. Segundo o agrometeorologista do Iapar, Paulo Henrique Caramori, as águas começaram a cair na região cafeeira ainda em outubro e novembro, havendo apenas um pequeno período de seca no mês de dezembro. “A partir dessa semana, a previsão é que chuvas na região se regularizem, por isso não se espera prejuízo na região cafeeira do Paraná”, adianta. Como nos estado de Espírito Santo e Minas Gerais, a expectativa e torcida agora é para que as chuvas continuem até o próximo mês. “Essa é uma fase importante para formação dos frutos. Janeiro e fevereiro são meses cruciais para a qualidade do café”, referindo-se a necessidade de água para planta nessa fase de seu desenvolvimento.

Segundo informações da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Paraná (Seab), algumas das produções mais afetadas no estado com a estiagem foram as de soja, milho e feijão. A estimativa do órgão é de uma perda de 2,55 milhões de toneladas de grãos.

Exportação

A projeção da Organização Internacional do Café (OIC) é que a safra deste ano seja ainda 1,3% inferior a de 2010/2011. A OIC atribui essa previsão às condições de clima adverso durante o ano-safra, observadas em muitos países exportadores, especialmente na América Central, Colômbia e na Indonésia.

Entre países tradicionais na produção de café, o Vietnã também está entre os prejudicados com chuvas excessivas. A produção vietnamita deve ter uma queda de quase 10% em 2011/2012, comparada com a safra passada. As fortes chuvas em algumas províncias de cultivo provocaram a queda dos frutos cereja antes da colheita, de acordo com informações do presidente da Associação de Café e Cacau do país, Luong Van Tu.

Safra 2012

Segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a previsão é de que o país colha entre 48 e 52 milhões de sacas de 60 quilos do produto beneficiado. O crescimento da safra, tanto do café arábica quanto do conilon, representa um aumento que pode chegar até 20% da safra total, comparado com à produção da temporada anterior. O resultado confirma que este ano será a maior safra já produzida no Brasil, superando o volume recorde de 48 milhões de sacas colhidas no período de 2002/2003.

Tags:

Fonte: Embrapa Café

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Com preocupação com o Vietnã e tempo mais seco no Brasil, café abre semana com valorização
Cooxupé anuncia abertura de empresa com atuação no mercado de seguros
Cecafé participa de evento que destaca importância do café ao ES e ao país
Programação do 24º Seminário Internacional do Café está definida
Cecafé discute devida diligência em direitos humanos com governo dos EUA