Café: Março marcado por queda dos preços do arábica

Publicado em 01/04/2013 15:21
Boletim Conjuntural do Mercado de Café — Março de 2013.
O mês de março foi marcado por queda nos preços do arábica e retração de oferta por parte dos cafeicultores, que permaneceram em compasso de espera pelo lançamento de instrumentos de política pública para a garantia de renda por parte do Governo Federal.
 
Durante o mês prevaleceu a tendência de queda das cotações do Contrato “C”, com vencimento em maio/2013, em Nova York (ICE Futures US), apresentando leve recuperação apenas na última semana. Entre os principais fatores baixistas se destacam: (i) movimento especulativo de aposta de queda no curto prazo, com investidores detendo grande quantidade de posições vendidas; (ii) a elevação dos estoques certificados na bolsa de NY; e (iii) o resgate financeiro do Chipre, que elevou a percepção do risco para os investimentos em commodities.
 
Já o mercado do robusta, na bolsa de Londres (Euronext Liffe), foi marcado por elevada volatilidade. A queda nos estoques, indicador do aquecimento da demanda por essa variedade, e os problemas climáticos que tendem afetar a safra 2013/14 do Vietnã, motivaram a alta do contrato com vencimento em maio, até a segunda semana do mês. Porém, com o início das precipitações nas regiões produtoras vietnamitas (consideradas insuficientes para reverter a situação de déficit hídrico) e o aumento das exportações, as cotações sofreram queda significativa, atingindo níveis inferiores aos negociados no início do mês.

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O Vietnã, maior produtor mundial de conilon, enfrenta uma severa estiagem que afeta cinco províncias produtoras, incluindo Dak Lak, que concentra cerca de 34% da área ocupada com a cafeicultura no país. Embora tenham ocorrido precipitações nas regiões produtoras no final de março, o Centro Nacional de Previsões Hidrometeorológicas do Vietnã estima que o déficit hídrico tenda a continuar nos próximos meses, podendo durar até julho e agosto nas áreas do Planalto Central (região produtora de café). Como o déficit de precipitações foi muito elevado em 2012 (de 500 a 1.300 mm), a quantidade de chuva prevista a partir de março de 2013 não será suficiente para compensar a perda do ano anterior. Agentes de mercado consultados pela Bloomberg estimam que a safra 2013/14 vietnamita terá uma quebra de 30%, devido às condições climáticas adversas, devendo atingir 17 milhões de sacas. Caso essas previsões se concretizem, o país terá o segundo ano consecutivo de retração na quantidade produzida de café, com redução de 24% em relação à temporada 2012/13.
 
O Ministério da Agricultura do Vietnã divulgou que as exportações de março deverão atingir 2,13 milhões de sacas, volume 28% superior ao de fevereiro. No acumulado de outubro de 2012 a março de 2013, o volume exportado pelo país está estimado em 14 milhões de sacas, 11% a mais do que em mesmo período da temporada anterior. Esse aumento de oferta ajudou a pressionar as cotações do robusta na Liffe, a partir do final do mês.

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A arbitragem entre as bolsas continuou no menor nível dos últimos quatro anos, encontrando-se abaixo dos 45 centavos de dólar/libra-peso. Devido à pequena diferença entre os preços das variedades de café, as torrefadoras passaram a adquirir mais arábica, usado em blends gourmet, permitindo leve recuperação das cotações na ICE US na última semana de março. A divulgação de dados que mostram o reaquecimento da economia norte-americana também contribuiu para esse cenário. Porém, o principal fator de alta, conforme já previsto pelo CNC, é o impacto dos problemas fitossanitários nos cafezais da América Central na entrega da safra 2013/14 em Nova York. Apenas nos últimos dias do mês de março os traders voltaram a atenção para o impacto da retração da quantidade ofertada por esses países nos estoques da bolsa nova-iorquina da próxima temporada.
 
Mas, como a demanda pelo robusta mantém-se fortemente aquecida, e com a pressão especulativa frente à proximidade da colheita brasileira e da safra intermediária colombiana – com o agravante de que a Colômbia produzirá um volume 30% superior ao da safra 2012/13 –, o Contrato C do arábica com vencimento em maio não conseguiu alcançar o suporte de US$ 1,40/lb no fechamento do mês passado.
 
Dados da Comissão de Comércio de Futuros de Commodities (CFTC, na sigla em inglês) demonstram que a posição líquida de vendas para o café arábica em Nova York era de 28.769 contratos futuros e de opções em 26 de março, contra uma média de 22 mil entre novembro e fevereiro. Frente à maior aposta especulativa na queda das cotações, torna-se imprescindível a adoção de instrumentos de política pública pelo governo brasileiro para a recuperação dos preços domésticos.
 
O primeiro passo foi dado na última quinta-feira, 28 de março, quando o Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou a Resolução 4208/2013, que reprograma o prazo de reembolso do crédito para a estocagem de café para até 12 parcelas mensais, vencendo a primeira em junho de 2013. A medida é importante, uma vez que os vencimentos são semestrais e metade das parcelas venceria em abril, forçando a venda do café estocado para sua quitação. Dessa forma, será permitido melhor ordenamento da oferta de café, com a entrada da safra 2013/14.
 
O setor continua aguardando o reajuste do preço mínimo. Nesse ínterim, é fundamental que os cafeicultores mantenham um acompanhamento contínuo dos custos de produção e estimativa das margens almejadas, para que possam efetuar a venda no momento adequado à sua realidade, garantindo o sucesso da comercialização.

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Fonte:
Conselho Nacional do Café

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