Café: Prorrogação da estocagem deve evitar entrada imediata de 2 milhões de sacas no mercado, diz CNC

Publicado em 05/04/2013 14:49
Valor definido para o preço mínimo condiz com a realidade e deve ser aprovado este mês.
ESTOCAGEM — Como já é de conhecimento, no dia 28 de março, o Conselho Monetário Nacional (CMN) atendeu a um dos pedidos das lideranças do setor produtor e aprovou o pagamento parcelado em 12 meses dos financiamentos de estocagem contraídos pelos cafeicultores junto a todas as fontes de recursos e não apenas o Funcafé. Os produtores interessados tem até 31 de maio para formalizar a reprogramação do pagamento e a primeira parcela deve ser quitada em junho. Essa decisão abrange 2 mil contratos, os quais correspondem a um volume aproximado de 2 milhões de sacas que deixarão de ingressar no mercado agora, evitando, portanto, uma sobreoferta às margens da entrada da nova safra.
 
PREÇO MÍNIMO — Por outro lado, o CMN não consolidou a aprovação do novo preço mínimo para o café, que, após estudos realizados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), saltaria de R$ 261,69 para R$ 336,13 por saca da variedade arábica. Porém, através de acordo que firmamos com o governo, estipulou-se que o valor seria elevado para R$ 340,00, sendo este, inclusive, o nível que constou no voto encaminhado pelo ministro da Agricultura, deputado federal Antônio Andrade, para o CMN.
 
Um dos motivos apresentados por representantes do governo federal para a não apreciação do voto foi que o assunto ficou para a “última hora”, argumentação da qual o CNC discorda completamente, haja vista que se trata de um tema que temos tratado há um ano, desde abril de 2012. Também não há razões para o governo mencionar que o preço precisaria de melhores análises, pois a definição desse patamar foi feita pela Conab, órgão estatal, a qual apurou com total idoneidade e responsabilidade as informações para se chegar a ele.
 
Por outro lado, o interessante é que, em conversas realizadas com representantes dos Ministérios da Agricultura e da Fazenda ao longo desta semana, tivemos a confirmação de que o novo preço mínimo para o café será avaliado e aprovado pelo Conselho Monetário Nacional na reunião ordinária desse mês, prevista para o dia 25.
 
Como o processo de colheita no Brasil se inicia, de fato, em maio, acreditamos que a definição dos R$ 340 para a saca de arábica sinaliza qual o investimento que o produtor poderá fazer em seus cafezais, acabando com a incerteza sobre quais patamares seriam os mais indicados para comercializar em função das oscilações de preço no mercado. Ao se concretizar o novo valor, teremos a certeza de que negociaremos, pelo menos, a R$ 340 nossa saca de café arábica, nível a partir do qual é permitida a continuidade da aplicação de bons tratos nas lavouras, o que evita o retorno de bienalidades acentuadas a cada ano safra.
Temos ciência que os custos de produção variam nas diversas regiões produtoras de café do Brasil, pois dependem da gestão do negócio, da qualidade e da condução da lavoura, da topografia da propriedade, do escoamento, das condições climáticas e da consequente produtividade. Entendemos, porém, que valores a partir de R$ 340 – piso para a plataforma de comercialização – são satisfatórios para que a maior parte do cinturão cafeeiro obtenha renda na atividade.
 
INFORMAÇÕES DISTORCIDAS — Um fato que sempre nos chamou e continua a chamar atenção ao longo de nossa vivência no mundo do café é como as crises desencadeiam especulações. Sejam para o bem ou para o mal, elas surgem aos montes e isso não contribui em nada, a não ser aos operadores/especuladores de mercado, que não compram e vendem, de fato, o café. É necessário salientar que há duas instituições que representam os cafeicultores do Brasil, que são o CNC, por meio das cooperativas e associações, e a Comissão Nacional do Café da CNA, através dos sindicatos e das federações estaduais.
 
E é válido frisar que tanto o CNC quanto a Comissão de Café da CNA endossam os estudos realizados pela Conab para a definição do novo preço mínimo, pois acompanhamos o levantamento e a metodologia empregada por meio de nossas representações regionais. Destacamos, também, que não se devem considerar propostas mirabolantes que vem surgindo nos últimos dias, haja vista que não há como implementar ideias e projetos sem o embasamento legal.
 
Além disso, já estão traçadas as proposições do setor produtor – conforme temos difundido em nossos balanços semanais –, que, na conjuntura atual, já tiveram a prorrogação da estocagem aprovada, restando, agora, a definição do novo preço mínimo e as subsequentes implementações dos programas de Leilões de Opções e do Prêmio Equalizador Pago ao Produtor (Pepro).
 
MERCADO — A semana foi marcada por alta volatilidade nas cotações dos contratos com vencimento em maio do café arábica, em Nova York (ICE Futures US), e do robusta, em Londres (Euronext Liffe), com este último mantendo a tendência de queda.
 
Fatores controversos resultaram em sucessivas quedas e elevações nos preços do arábica, que variaram entre os limites mínimo e máximo de, respectivamente, US$ 1,36 e US$ 1,40 por libra-peso. Durante as altas, os investidores focaram a atenção na redução da quantidade ofertada de café pelos países da América Central afetados pela ferrugem, recomprando algumas posições vendidas anteriormente. A desvalorização do dólar ante as principais moedas também fortaleceu as cotações. Porém, a proximidade da colheita da safra brasileira contrabalanceou os temores quanto ao impacto do fungo roya na oferta da safra 2013/14, impedindo altas mais significativas dos preços.
 
Em Londres, predominou a tendência de queda nas cotações do robusta. O prognóstico de precipitações no planalto central do Vietnã tem se sobreposto à pequena probabilidade de recuperação do déficit hídrico e à perspectiva de quebra da safra 2013/14 desse país.
 
De acordo com o Centro Nacional de Previsões Hidrometeorológicas do Vietnã, nos dez primeiros dias de abril a província de Dak Lak (principal região cafeicultora) deverá receber entre 15 e 25 milímetros de chuvas, amenizando a situação de severa estiagem. Nos últimos 11 dias de março, foram registradas precipitações de 16 mm, 57% inferiores em relação ao mesmo período do ano passado. O aumento do volume exportado pelo Vietnã em março também é um fator de pressão nos preços. O número divulgado pelo Escritório Geral de Estatísticas (GSO, em inglês) é de 3,17 milhões de sacas, volume 90% maior que o registrado em fevereiro.
 
No mercado doméstico, prevalece o baixo volume de negócios, situação fortalecida pela reprogramação dos pagamentos da linha de financiamento à estocagem do café colhido na safra 2012/13. Até quinta-feira, os indicadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA) acompanharam a tendência das respectivas bolsas internacionais, com a saca do arábica acumulando ganhos aproximados a R$ 8,00. Em função da escassez de oferta, o mercado brasileiro de robusta apresentou queda menos acentuada em relação a Londres, com a saca desvalorizando apenas 0,5% - no terminal londrino a perda foi de aproximadamente 2% até o fechamento deste boletim. O diferencial de preços entre as variedades expandiu-se nesta semana em R$ 9,30/sc, atingindo o maior valor desde 04 de mar&cc edil;o, de acordo com a série do Cepea.
 
A definição do preço mínimo a vigorar na safra 2013/14, concomitante ao lançamento de instrumentos de garantia de renda, como Opções e Pepro, é fundamental para que o mercado de arábica encontre sustentação acima da barreira psicológica de US$ 1,40 por libra-peso. Nesse sentido, o CNC tem realizado gestões junto aos Ministérios da Agricultura e da Fazenda para que seja confirmado oficialmente o lançamento desses instrumentos no futuro próximo, de forma a reduzir as assimetrias de informação e apostas especulativas nas quedas das cotações.  
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Fonte:
Conselho Nacional do Café

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