Café: NY encerra sessão em queda, diante de previsão de chuvas no Brasil

Publicado em 21/03/2014 17:29 e atualizado em 21/03/2014 18:06

As notícias que indicam previsão de chuvas para o Brasil teriam contribuído para mais um fechamento negativo do mercado do café arábica na Bolsa de Nova Iorque (Ice Futures US) nesta sexta-feira (21).

Em uma sessão marcada pela volatilidade, todos os contratos para entrega mais próxima ficaram abaixo dos 180 cents / libra-peso. O contrato maio fechou em 171,15 centavos de dólar por libra-peso e queda de 300 pontos. A mínima do dia para o contrato foi de 168,50 cents e a máxima de 177,35 cents por libra-peso. O vencimento setembro fechou em 174,65 cents, com queda de 295 pontos.

Segundo o analista de mercado Anselmo Magno de Paula, da Cocapec (Cooperativa de cafeicultores e agropecuaristas), além do observar o clima nas regiões produtoras, o mercado continua procurando um piso, após um período de fortes altas, sustentadas pelas compras de fundo e pela especulação. “Temos um volume em aberto muito grande nas bolsas, será uma queda de braço considerável”.

O analista afirma que não é possível avaliar as perdas na cafeicultura brasileira nesta safra e que notícias desencontradas mexeram com o mercado. A estimativa divulgada pelo IBGE, por exemplo, que apontava para uma perda abaixo dos 2%, não condiz com a realidade. “Este é um número infundado, o IBGE não tem conhecimento nenhum de agricultura”.         

Previsão de chuvas
A Somar Meteorologia prevê precipitações no período de 24 a 28 de março em grande parte do cinturão produtor de café, com volumes um pouco maiores sobre o centro e o norte de Minas Gerais e Espírito Santo. 

Notícias internacionais também informam que chuvas são esperadas nos próximos dias para as áreas produtoras do Vietnã, maior produtor mundial da variedade robusta e segundo maior produtor de arábica. De acordo com a agência de notícias Bloomberg, as notícias fazem com que o mercado diminua as preocupações em relação à seca, que também ameaça a produção no Vietnã. O Vicofa (Associação de Café e Cacau do Vietnã) informou este mês que a seca também deve produzir a produção da próxima safra.

No mercado físico, a saca de 60 kg do café tipo 6, bebida dura, é comercializada a R$ 413,00, registrando queda de 1,20%. Em Poços de Caldas, a saca é comercializada a R$ 390,00, com queda de 4,88%.        


Safra de café do Brasil terá queda substancial em 2014 e 2015, diz CNC
(Informações: Reuters)

O Conselho Nacional do Café (CNC) alertou nesta sexta-feira que a seca severa e o tempo quente no início do ano, nas principais regiões produtoras do país, levará a uma substancial redução da colheita do Brasil em 2014 e em 2015.

A afirmação da entidade que representa os produtores no Brasil foi feita após o café arábica, negociado em Nova York, registrar na quinta-feira baixa de 7 por cento, a maior queda diária em três anos, em função de chuvas previstas para as áreas cafeeiras brasileiras.

Veja a notícia na íntegra no site da Reuters

CNC: momento do café exige comprometimento com a realidade

A oscilação dos preços no mercado cafeeiro, além de gerar dúvidas aos produtores sobre qual o melhor momento para comercializar, também gera variação de humor e posicionamentos, como observamos em diversas ocasiões nesta semana. Entretanto, na condição de entidade representante do setor, precisamos ser coerentes, não permitir que o lado emocional aflore e trabalhar, de fato, com a realidade e a racionalidade.
 
Temos plena convicção de que colheremos uma safra aquém da estimada oficialmente pelo Governo através da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), haja vista que esses levantamentos foram realizados em períodos anteriores ao veranico ou ao ponto mais alto e impactante do veranico que nossos cafezais vivenciaram neste começo de ano.
 
O CNC não passará informações para o mercado sem um levantamento seguro, para não perdermos a confiabilidade de nossos números. Pelo fato do Brasil ser um país continental, esperamos obter essa informação em abril, pois não cometeremos a irresponsabilidade de tomar uma região como exemplo e prognosticar o observado nela como uma situação geral, tendo em conta que o veranico teve incidências diferentes no cinturão produtor. O que podemos antecipar é que haverá redução substantiva na colheita, tanto em 2014, quanto em 2015, mas ainda é prematuro quantificá-la.
 
EFEITO GUARDA-CHUVA — A recente reação observada nos preços, sem dúvida, foi positiva para o setor produtor no Brasil. Ainda que muitos não tenham o café para comercializar, é necessário recordar que há outras modalidades de venda, como o mercado futuro, na qual o cafeicultor pode fechar negócios aproveitando as cotações remunerativas atuais. Por outro lado, o CNC sente-se na obrigação de chamar a atenção para o fato de que os principais beneficiados com essa escalada foram nossos concorrentes, destacadamente a Colômbia, cujo governo economizou mais de 1 bilhão de pesos (cerca de US$ 489 milhões) em subsídio para o setor.
 
Dessa forma, entendemos como ledo engano a opinião dos que anunciam que faltará café para abastecer o mercado. Isso porque, se podemos dizer que houve algum “benefício” em relação ao veranico, este foi exatamente no sentido de retirar do mercado o excesso de café que estava causando o aviltamento nos preços, estabelecendo, no cenário atual, o equilíbrio entre oferta e demanda, com os estoques sendo utilizados e a estabilidade de preços para o produtor retornando gradativamente.
 
Lembrando nossa responsabilidade como órgão de classe e a necessidade de trabalharmos com números concretos, informamos que os anúncios, com embasamento regional sendo citados como de âmbito nacional, criam um furor de que o maior produtor mundial de café não terá condição para abastecer o mercado, incentivando, consequentemente, novos plantios nos países concorrentes ou mesmo o ingresso de “aventureiros” na cafeicultura do Brasil, o que, sem dúvida, voltará a nos conduzir para um cenário de excesso de oferta e pressão sobre as cotações em um futuro bastante próximo.
 
No passado recente, vivemos dois cenários parecidos, quando o CNC teve que intervir para evitar uma iminente situação crítica no aspecto econômico-financeiro aos produtores. No começo dos anos 2000, quando um secretário de Produção e Agroenergia do Ministério da Agricultura foi convencido que precisaríamos produzir, de imediato, safras de 60 milhões de sacas para suprir o mercado consumidor, mostramos a ele a inconsequência que um estímulo  nesse sentido traria. Isso porque, nos últimos três anos, com produções médias em torno de 50 milhões de sacas, vimos excedente de café e baixa nos preços praticados, imaginem, então, o que teria acontecido se o Brasil focasse em safras de 60 milhões.
 
Ainda sobre o prisma de nossa responsabilidade como representantes de um setor, recentemente intervimos junto ao então ministro da Agricultura, Antônio Andrade, e sua equipe, quando o Brasil estava próximo de cometer um equívoco, que era permitir a importação de 500 mil sacas de café do Vietnã, por meio de uma Análise de Risco de Pragas (ARP). Ao tomarmos ciência, alertamos, de imediato, as consequências que essa aquisição teria, justamente no momento em que experimentamos uma reação de preços, a qual, embora importante, ainda não é suficiente para cobrir o passivo financeiro acumulado ao longo dos últimos anos. Se isso passasse, estaríamos literalmente quebrados.
 
Por fim, reiteramos a necessidade de nos unirmos para o fortalecimento da cafeicultura brasileira. Para isso, entendemos como primordial a valorização e o fortalecimento dos órgãos, como o Conselho Deliberativo da Política do Café (CDPC), nossa representação maior e o fórum que abrange, junto ao Congresso e ao Governo Federal, entidades como Abic, Abics, Cecafé, CNA, CNC e OCB, as quais precisam ser reconhecidas e prestigiadas, pois, somente assim, com este amadurecimento, construiremos uma política de renda a todos os elos da cadeia café, cenário desejado por todos os envolvidos com essa atividade que mais gera emprego no País.
 
MERCADO — A semana foi marcada por correções técnicas nas cotações futuras do café, de forma que o arábica voltou a operar abaixo dos US$ 2 por libra-peso, com significativa queda dos valores negociados no contrato C da ICE Futures US. O mercado climático continua ditando a tendência e a aproximação de chuvas mais generalizadas sobre a Região Sudeste do Brasil pressiona os preços futuros. Porém, como o veranico já causou danos irreversíveis em muitas lavouras cafeeiras, há limite para essa queda. Até a divulgação de dados consistentes sobre a quebra da safra, o mercado deve continuar volátil.
 
A Somar Meteorologia prevê precipitações no período de 24 a 28 de março em grande parte do cinturão produtor de café, com volumes um pouco maiores sobre o centro e o norte de Minas Gerais e Espírito Santo. Essa notícia estimula a liquidação de posições compradas no mercado futuro, diante da alta acumulada desde o início do ano, que se aproximou dos 80%.
 
O último relatório da Comissão de Comércio de Futuros de Commodities (CFTC), referente à semana encerrada em 11 de março, informa que os fundos de investimentos elevaram o saldo comprado em café arábica, na Bolsa de Nova York, para o maior patamar desde 2010, o que estimulou a realização de lucros observada nesta semana. Com isso, o vencimento maio do contrato C acumulou perdas de 2.425 pontos, encerrando a quinta-feira a US$ 1,7415 por libra-peso.
 
Na Liffe, também predominou a tendência de desvalorização das cotações futuras do robusta, embora em menor proporção que as do café arábica em NY. O fechamento de ontem do vencimento maio do contrato 409 foi US$ 2.037 por tonelada, representando perdas de US$ 138 desde a sexta-feira passada. Como o ritmo de queda da Bolsa de Londres é menos intenso que o da ICE – graças à retração das vendas vietnamitas –, observa-se estreitamento da arbitragem entre ambas, que passou de US$ 1,08 no início do mês para US$ 0,82, para os vencimentos maio dos respectivos contratos.
 
Com a queda dos preços, a tendência é que os produtores vietnamitas segurem as vendas com mais força. Embora tenha sido observado um aumento na liquidez da comercialização diante da alta de preços registrada nas últimas semanas, o volume estocado nas propriedades é recorde, estimado em 850 mil toneladas na semana encerrada em 7 de março, de acordo com pesquisa realizada pela Bloomberg.
 
Seguindo a tendência das bolsas internacionais, os indicadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) para café arábica e conilon acumularam queda na semana de 14,2% e 8,6%, respectivamente, encerrando a quinta-feira a R$ 411,42 e R$ 254,37 por saca. A instituição informa que o recuo dos preços tem reduzido significativamente a liquidez do mercado doméstico.
 
O dólar variou ao redor do patamar de R$2,34, na maior parte da semana. Porém, ontem operou na contramão do desempenho da moeda no exterior, apresentando significativa queda, com fechamento a R$ 2,3267. A valorização do real foi motivada principalmente pela entrada de capital especulativo no Brasil.
 
Nos últimos dias, além das preocupações com a tensão na Ucrânia e a sinalização de dificuldades na economia chinesa, a atenção dos investidores também se voltou para a continuidade da redução do programa de estímulos à economia norte-americana – agora em US$ 55 bilhões mensais – e a possibilidade de alta da taxa de juros dos Estados Unidos já no primeiro semestre de 2015. Embora as contínuas intervenções do Banco Central do Brasil no mercado de câmbio tenham ajudado a relativa estabilidade do dólar, a antecipação da alta dos juros norte-americanos tem influência negativa no mercado de commodities, ajudando a desvalorizar suas cotações.
 
Por fim, a Green Coffee Association divulgou, nesta semana, que o estoque de café verde dos Estados Unidos diminuiu 203,2 mil sacas em fevereiro, passando a totalizar 4,83 milhões sacas de 60 kg, menor volume registrado desde março de 2013.

CNC - Gráfico 1

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Fonte:
Notícias Agrícolas

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