Café: quedas em torno de 45 pontos na Bolsa de NY

Publicado em 03/07/2014 12:45 e atualizado em 03/07/2014 16:04

A estabilidade do mercado de café passou rápido na Bolsa de Nova Iorque (Ice Futures US). Após a sessão da quarta-feira (02), quando as cotações permaneceram em modestas altas, o pregão desta quinta-feira (03) iniciou em leva ascensão e registra às 12h30 (horário de Brasília) quedas em torno dos 45 pontos para os principais contratos. 

O vencimento setembro trabalha 172,95, decréscimo de 35 pontos. Dezembro anota 176,45, caindo 50 pontos. Os contratos com entrega para março/2015 registram 179,80 e maio/2015 tem 181,60.

Ajustes técnicos podem ainda estar afetando as cotações do mercado, já que analistas preveem uma tendência mais altista para o mês de julho com a confirmação da quebra na produção brasileira. 

Veja como fechou a sessão ontem:

Café: NY fecha em alta diante de movimento técnico

Após semana de muita volatilidade, com cotações em queda na terça-feira (01) de 400 pontos na Bolsa de Nova Iorque (Ice Futures US), o café arábica encerrou a sessão desta quarta-feira (02) em alta em torno de 240 pontos para os contratos mais negociados. 

O pregão de hoje apresentou características mais estáveis em relação aos últimos dias e se manteve acima durante todo o período. 

O vencimento setembro fechou em 173,30 centavos de dólar por libra-peso. Os contratos com entrega para dezembro e março/2015 subiram 240 pontos para 176,95 cents/libra-peso e 180,20 cents/libra-peso respectivamente. Já maio/2015 registrou 182,05 cents/libra-peso.

“O mercado reagiu de acordo com ajustes técnicos, já que vinha de uma perda de mais de 400 pontos”, explicou Marcus Magalhães, operador da Maros Corretora. 

O diretor de exportações da Qualicafex José Staut tem a mesma opinião de Marcus. “As altas se devem à movimentação técnica em uma faixa que consideramos normal, entre 170 a 210 centavos por libra-peso”, concluiu o executivo. 

O cenário segue para tendências altistas diante da confirmação da quebra nacional. “Na região de Garça, a quebra foi muito grande. Eu tenho a lavoura bem cuidada, e minha colheita está quase completa, por isso posso garantir que terei quebra em torno de 28%. Conversei com colegas da região também e aqui a quebra deve ficar em 20 a 30%”, concluiu o produtor de café arábica José Estevão.

“O campo positivo é notório. A tendência é de uma consolidação do mercado”, afirmou Marcus.

João Stautus é mais cauteloso, mas também acredita na alta. “A minha posição é de ligeira recuperação por conta das informações que já são divulgadas sobre a quebra na safra nacional”.

Impactos sobre a safra 2015
A grande preocupação no momento se deve ao número real da quebra da safra brasileira, mas também ao fato de que a produção 2015 vai ser ainda mais afetada pela estiagem, que atingiu o início do ano as regiões cafeeiras, a maior seca em 71 anos. 

“A expectativa para a floração em setembro é maior do que a normal, porque não choveu e essa tensão pode provocar reações, inclusive, em Nova Iorque”, explicou Staut. 

Compradores, produtores, analistas de café... Todos tem a mesma visão de que será um ano muito difícil para as lavouras de café que sofreram e ainda sofrem um grande estresse hídrico.

“Andei em 70% da região cafeeira de Minas Gerais e posso afirmar que a situação é grave. Prevejo uma quebra de 70% na safra do ano que vem. Vai ser uma das menores safras de café que o Brasil já teve. Talvez a produção do café conilon (robusta) possa não ter sido tão afetada e levante os números brasileiros, mas vai faltar café arábica no mercado e a tendência é que valha três vezes o valor atual”, analisou Armando Matielli presidente da Associação Nacional dos Sindicatos Rurais das Regiões Produtoras de Café e Leite (Sincal).

José Estevão fica ainda mais apreensivo em relação à pequena oferta de café para futuro próximo. “De 20 de julho pra frente, a tendência é de alta porque não vai ter café no mercado e quem tiver vai pedir um valor melhor.”

“Estamos no inverno, uma época tradicionalmente seca e algumas regiões como o Sul de Minas está há 150 dias sem ver água. Diante desse cenário a pergunta que fica é: como está a saúde das lavouras para a safra 2015?”, questionou Marcus Magalhães, indicando que a preocupação é geral. 

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Por: Talita Benegra
Fonte: Notícias Agrícolas

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