Café: informações diferenciadas sustentam a volatilidade do café em NY

Publicado em 08/07/2014 13:44

Um mercado volátil, cheio de especulações e análises diferenciadas que a todo o momento tentam justificar as alternadas cotações apresentadas na Bolsa de Nova Iorque (Ice Futures US). Esse é o cenário dos futuros do café arábica.

Enquanto informações internacionais indicam que os prejuízos causados pela forte estiagem do início do ano nas regiões cafeeiras não foram tão significativos, produtores e analistas brasileiros são contrários a essa afirmativa e apontam números de forte quebra na safra nacional.

Os futuros do café arábica nesta segunda-feira (07) na Bolsa de NY fecharam em nova queda. Durante a sessão chegou a cair 3,3%, registrando mínimas de 166,10 centavos de dólar por libra-peso, o menor patamar desde fevereiro. Ao final do pregão houve uma recuperação nas cotações, para um decréscimo menor de 1,7%. 

A publicação de um artigo escrito por Jefferies Bache, no jornal americano semanal Barron, traz posição de que a “idéia atribuída para as quedas na safra brasileira não era tão pobre como se temia”. O texto ainda previa uma colheita com volume congruente ao da safra anterior.

Enquanto a corretora, também americana, INTL FCStone divulgou previsão de que os preços baixem ainda mais, atingindo o patamar de 150,00 cents/libra-peso. 

“As notícias veiculadas no mercado internacional são postadas de forma proposital para que as cotações fiquem abaixo do que realmente deveriam ser. Dentro de 20 ou 30 dias, o cenário será tão crítico, que não terá mais como afirmar o contrário. Vai faltar café de boa qualidade para exportação”, explicou Armando Matielli, engenheiro agrônomo e cafeicultor de Guapé, em Minas Gerais. 

O produtor Victor Ângelo Ferreira, de Nepomuceno/MG, tem a mesma impressão de Matielli. “O café de peneira mais alta, para exportação, não vai atingir a quantidade necessária para cumprir a demanda. Estou com 80% da colheita realizada e posso afirmar que terei grande quebra. Os grãos estão miúdos por conta da seca e para beneficiar uma saca (de 60 quilos), estou utilizando cerca de 750 litros de café, enquanto que no ano anterior eu conseguia encher com 450 litros”, relatou ele, que ainda reiterou: “essas oscilações estão acontecendo para manter o maior tempo possível o patamar que já está no mercado, porque no momento que for confirmada a quebra na safra brasileira, vai faltar café e os preços vão explodir.”

Apesar de dados se confirmando sobre o tamanho da quebra nacional, a CeCafé – Conselho dos Exportadores de Café do Brasil – divulgou nesta terça-feira (08) que o volume de café exportado na temporada 2013/2014 (julho/junho) foi 9,9% maior do que a do período anterior, porém 11,6% menores em receita. 

Jack Scoville, corretor da Price Futures disse que “Os agricultores no Brasil estão vendendo e exportando culturas ainda de estoques do período anterior para compensar eventuais déficits na produção atual.”

Sterling Smith, do Citigroup, concorda com a informação e adiciona: “A verdade é que agora as ofertas estão muito boas.”

“Aumentaram sim as exportações, mas os estoques estão chegando a níveis críticos. Alguns produtores endividados estão vendendo o que ainda resta da safra passada para pagar os credores, mas está todo o café indo embora”, afirmou Matielli. 

Essa preocupação também foi levada em consideração por Sterling Smith, que apontou que análises confirmam o comprometimento das lavouras brasileiras e os grãos miúdos e mal formados. “Quando os estoques se esgotarem vamos ter preços mais elevados”, concluiu o executivo do Citigroup. 

Safra de 2015 comprometida
Além das informações desencontradas entre notícias nacionais e internacionais sobre o atual momento do mercado de café arábica, as reais condições da safra 2015 começam a ser discutidas também. 

A forte seca do início do ano comprometeu as plantações de café, que são uma cultura perene, ou seja, o estresse hídrico causado pode fazer com que os ramos não cresçam o suficiente para dar a quantidade de frutos esperada antes de o fator climático atingir as lavouras. 

“Tudo nos leva a crer que o prejuízo será muito maior do que o ocorrido na safra atual, que já sinaliza quebra de 30 a 40%”, previu Victor.
Mais uma vez, Matielli reitera a preocupação com a falta de café arábica em um futuro próximo. “Fisiologicamente falando, não há como ser uma safra boa.”

 

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Tags:
Por:
Talita Benegra
Fonte:
Notícias Agrícolas

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