Curva Futura das Cotações do Café: arábica estável e robusta em alta

Publicado em 18/07/2014 09:37

Os contratos futuros de juros e câmbio (mais negociados na BM&F-Bovespa) mantiveram em junho a tendência já registrada no mês anterior (Figuras 1 e 2). Com a recente revisão para baixo da estimativa de crescimento da economia em 2014, por parte do Banco Central do Brasil, a procura por contratos de juros e dólar deve permanecer aquecida por parte dos participantes destes mercados.

 Menor crescimento econômico não será exclusividade brasileira em 20142. Tanto países centrais quanto emergentes estão vivenciando momento de desaceleração econômica. Esse fenômeno produz, por um lado, cenário de menor demanda por matérias--primas e, por outro, busca por proteção patrimonial sob prevalência de incertezas, induzindo os investidores a preferirem liquidez imediata (como são os casos dos contratos de juros e dólar e em menor medida os de commodities)3.

 Ainda que os negócios com dólar no mercado a vista não tenham alavancado suas cotações, no mercado futuro a paridade entre as moedas se manteve pressionada. Aparentemente, os gastos dos estrangeiros que vieram ao Brasil para acompanhar o torneio futebolístico tem auxiliado a manutenção de taxa de conversão próxima dos R$2,20, enquanto o mercado acredita em patamares acima dos R$2,35 para o início do próximo ano.

Em junho de 2014, as cotações futuras praticadas pelo mercado de café nova-iorquino pouco se alteraram frente ao mês anterior. As médias semanais para o contrato C, em segunda posição, estabilizaram-se no patamar de US$¢180,00/lbp para as três primeiras semanas do mês. Bom ritmo dos embarques brasileiros, associado à recuperação da oferta colombiana e ao incremento da vietnamita, tem satisfeito as necessidades imediatas para o suprimento mundial.

Recente relatório do Departamento de Agricultura Estadunidense (USDA) previu, para a safra 2014/15, ligeiro déficit (960 mil sacas) no balanço global de oferta e demanda de café. Aparentemente, essa foi a única informação com capacidade de oferecer suporte para as cotações em junho.

A média de preços recebidos pelos cafeicultores em junho de 2014 na região de Franca/SP (principal polo da cafeicultura paulista) foi de R$402,36/sc., segundo dados do IEA/CATI4, representando queda de 5,6% frente ao registrado no mês anterior. Na posição futura de dezembro de 2014, para a média da terceira semana do mês, a cotação atingia os US$¢176,59/lbp. Procedendo-se com as necessárias conversões, essa cotação representaria R$551,24/sc., ou seja, diferença de R$118,88/sc. frente à cotação praticada na praça de Franca, mantendo a estratégia de contratação de hedge como estratégia recomendável para uma favorável comercialização (Figura 3).

Na Bolsa de Londres, em junho de 2014, as cotações do robusta mantiveram tendência altista. A amplitude do diferencial entre as cotações (arábica x robusta) estimulou os torrefadores a ampliar a fatia de robusta no blend, buscando suprimento nas origens do grão que ofereceu suporte para suas cotações (Figura 4).

Permanece grande grau de incerteza nos fundamentos relativos ao mercado de café, induzindo os fundos e os grandes investidores a manterem suas posições de compra. A oscilação baixista nas cotações do arábica não foi suficiente para que os possuidores desses contratos deles se desfizessem, mas ao contrário, houve até um ligeiro incremento na posição comprada (de 37.138 para 37.473) e diminuição na posição vendida (de 10.839 para 9.842). A dinâmica do mercado indica que se esperam ganhos com a inclusão de contratos de café na carteira de investimento sendo essa uma sinalização favorável aos cafeicultores que já estão comercializando seus lotes recém-colhidos (Tabela 1).

Acompanhamento climatológico indica que haverá 70% a 80% de chances de ocorrência do fenômeno “El Niño” moderado no segundo semestre do ano5. Em anos anteriores, fenômeno de proporções similares trouxe incremento da produção cafeeira no Brasil, derrubando as cotações do produto. O contexto atual guarda diferenças que podem neutralizar esse esperado efeito. A anomalia climática do primeiro semestre do ano acarretará em perdas para a safra 2015/16 (com menor desenvolvimento dos ramos produtivos e mais reduzida diferenciação floral). Tais repercussões negativas, constatadas nas lavouras brasileiras, não serão revertidas com uma primavera mais chuvosa sobre os cinturões produtores.

 

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Fonte: Instituto de Economia Agrícola

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