Café: como conquistar o certificado FairTrade?

Publicado em 18/07/2014 10:07 e atualizado em 10/03/2020 11:12
Por Ulisses Ferreira de Oliveira - administrador, especialista em cafeicultura sustentável, coordenador de Fomento Agropecuário na Prefeitura de Poços de Caldas e consultor de associações e certificações agrícolas

Muitos leitores da coluna estão curiosos para saber o passo a passo da certificação FairTrade, de forma bem sucinta espero contribuir para o entendimento dessa certificação e orientar os nossos amigos produtores na busca pela certificação.

Primeiramente, a certificação FairTrade é um movimento organizado pela FairTrade International (Flo), com sede na Alemanha e, presente em mais de 94 países produtores e consumidores. A Flo é a responsável pelos critérios da certificação e também pelo controle do uso da marca, porém não é responsável pela certificação.

A certificação e o processo de auditoria são gerenciados pela Flo-Cert, sendo esse o primeiro órgão de contato para a certificação. Porém, antes de contatar a Flo-Cert os interessados devem se ater a algumas informações:

Somente produtores organizados em associações ou cooperativas podem obter a certificação FairTrade (não é possível a certificação da propriedade individual).

A organização deve garantir que mais de 50% de seus associados são da agricultura familiar (nesse caso os critérios entendem por agricultura empresarial aquele produtor que tem um ou mais funcionários permanentes - se contratar safristas, mas não tiver funcionário permanente é considerado agricultura familiar).

A organização deve ser democrática, transparente, legalmente constituída.

Atingindo esses critérios, a organização deve demonstrar que realmente tem mercado para seus cafés com certificação FairTrade, ou seja, um comprador FairTrade deve declarar que tem interesse em comprar cafés daquela organização de produtores. Só assim é possível dar prosseguimento à certificação. (isso para evitar que produtores invistam dinheiro na certificação e depois não tenham para quem comercializar o café com o selo).

Com a carta de compromisso de um comprador e um cadastro de todos os seus associados, além de documentações diversas da organização é a hora de entrar em contato com a Flo-Cert e solicitar o início do processo de certificação. Os documentos serão analisados e caso realmente atingiam os critérios inicias é emitido um boleto para o pagamento da taxa inicial e ai sim a organização pode dar início à adequação da propriedade e da sua gestão para cumprir com os demais itens da norma.

Vale ressaltar que antes de procurar uma certificação o produtor, ou grupo de produtores pode buscar parcerias com outras associações e cooperativas, existem mais de 20 organizações com certificação FairTrade para café é possível fortalecer as associações e evitar criar muitas instituições na mesma região, pois quem ganha com isso são os compradores e não os produtores.

Finalmente, lembro que a certificação não é a salvação da lavoura é preciso investir em qualidade, gestão, associativismo, abertura de mercado, marketing, redução de custos, tecnologias e tantas outras ferramentas que são mais facilmente alcançadas pela agricultura familiar se estiverem organizados em uma boa associação.

Os benefícios do FairTrade vão muito além do preço justo, é o fortalecimento da agricultura familiar passa necessariamente pela organização desse em associações e cooperativas. Vou além, é preciso a organização dessas associações e cooperativas, federações representativas é mais do que necessária é urgente a criação! 

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Fonte:
CaféPoint

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1 comentário

  • victor angelo p ferreira victorvapf nepomuceno - MG

    Não oi atoa que a Alemanha deu de 7 a 1 no Brasil...No café eles já faturam também 7 vezes o valor pago de 1 saca, ou muito mais e agora querem uma turma cativa pra fornecer o seu café com exclusividade e ainda cobram uma taxa para início de conversa...O mercado é que deve ser o fornecedor da matéria prima .Não dizem qual a vantagem!!! Preço justo? Isto é o mínimo que se podia esperar...

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