INTL FCStone documenta situação das lavouras de café e confirma perdas importantes na produção desta e da próxima safra
CoffeeNetwork (Nova York) – Período: entre 16 e 19 de Julho, Tiago Ferreira, responsável pelo departamento de café na
INTL FCStone DTVM Ltda, viajou na última semana pelas regiões cafeeiras do Sul de Minas Gerais e pelas regiões de
Franca em São Paulo.
“Busquei com a ajuda de um agrônomo muito respeitado verificar a situação atual da colheita, em andamento,
rendimentos e principalmente a situação das lavouras no pós-colheita.”
“É importante destacar que embora eu tenha estado com um profissional muito respeitado, agrônomo com muitas
décadas no mercado de café, este comentário não possui caráter científico. Trata-se de um acumulado de impressões e
opiniões. Este comentário não tem como intuito recomendar compra ou venda no mercado, bem como não garantira
resultado algum diante de futuras interpretações do que aqui será apresentado.”
Iniciamos nossa viagem pela região de Franca, no Estado de São Paulo, seguindo pelas principais áreas de café de São
Sebastiao do Paraíso, Guaxupé, Campos Gerais, Boa Esperança, Três Pontas, Varginha, Alfenas, Conceição de Aparecida
e Altinópolis. Destas regiões pudemos extrair as seguintes impressões:
Colheita muito avançada praticamente em todas as regiões. Próximo de 70% das lavouras destas regiões já
concluiu o processo de colheita. Vale ressaltar que, embora o andamento esteja muito avançado, o
beneficiamento não se encontra no mesmo estagio. Existe muito café nos terreiros e tulhas aguardando
beneficiamento.
É perceptível a existência de quebra no que se refere a rendimento. Tanto para lavouras novas (até cinco anos)
como para lavouras mais velhas (acima de 10 anos). Tal quebra deve-se ao tamanho dos grãos, a má formação
dos mesmos ou ainda a casos em que não houve a formação do grão. Quantificar o tamanho da mesma é tarefa
um tanto quanto difícil. Contudo, nos apoiamos nas melhores condições observadas que apontam quebra
mínima por volta de 25% na media do que já foi beneficiado. Neste caso vale a nota de que a região de Franca,
teoricamente mais beneficiadas pelas chuvas durante o período de granação, também foi afetada. Podemos
arriscar em dizer que o dano é tão presente quanto ao que atingiu as outras regiões.
Pós-colheita em todas estas regiões apresenta lavouras extremamente danificadas. Em alguns casos os danos
são muito severos. Ao ponto de ser irreversível. As lavouras que tiveram produção “zero” este ano estão em
melhores condições (mais enfolhadas e verdes), contudo as que tiveram boa produção são as que estão muito
danificadas. De acordo com a maioria dos produtores as mesmas terão de ser esqueletadas antes do que
normalmente fariam. Percebemos a veracidade dos depoimentos diante da realidade das lavouras, não há outra
coisa a se fazer.
O crescimento vegetativo encontra-se presente nas lavouras cuja safra foi zero ou muito pequena “ano off” ou
nas lavouras recém esqueletadas. Nas demais lavouras o mesmo praticamente inexiste. Onde se pode percebê-
lo, nota-se a existência do crescimento em ramas muito finas, incapazes de “segurar” futuros grãos em
condições normais.
Praticamente em todas as regiões existe outro problema, que tem sido pouco comentado, a ferrugem. Mais
presente do que em outras safras este mal pode acentuar o desfolhamento do pós-colheita.
Duas micro regiões apresentaram condições melhores com relação às demais. São elas as lavouras que vão de
São Tomas de Aquino a São Sebastião e a região de Guaxupé a Areado.
Outra situação que foi notada diz respeito às poucas chuvas dos últimos dias. As lavouras em melhores
condições que receberam estas chuvas já estão soltando flores. Fato totalmente preocupante, pois estamos
iniciando o período da seca. As demais lavouras em condição ruim ou regular também estão a ponto de florar.
Fato que talvez ocorra a partir da ocorrência de novas chuvas.
Algumas cooperativas da região do Sul de Minas apontam recebimento muito abaixo do esperado neste
momento. Algo em torno em 30% abaixo do mesmo período comparado ao ultimo ano. Um detalhe importante
é o fato de que a safra esta bastante adiantada.
Vale ressaltar que: embora não tenhamos visitado a região do Cerrado Mineiro, produtores que possuem
lavouras nas duas regiões apontam que o otimismo gerado pelo inicio da safra esta sendo frustrado por uma
pequena diminuição no rendimento.
Pude concluir que a safra foi sim comprometida e que a safra do próximo ano tende a ser menor do que a safra deste
ano.
1 comentário

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Rogério Lima do Valle Mococa - SP
INTL FCStone - Tiago Ferreira ,
Excelente o seu relato , o que você viu e relatou é uma realidade . Seu trabalho mostra o que nós produtores estamos vendo .Fato importante , o que está ocorrendo com a lavouras e grãos,inclusive a ferrugem tardia , foi comentanto em marco/abril pelo Prof Alemar Braga Rena - Fisiologista , ou seja está sendo confirmado o que a fisiologia e pesquisa já falava , devido a anos de estudos da Planta Cafeiro .