Procafé: Forte abortamento de frutinhos e rosetas em cafeeiros por efeito de estiagem

Publicado em 19/12/2018 09:31

O abortamento de frutinhos e, mesmo, de  rosetas inteiras, em ramos de cafeeiros, pode ser provocado por déficit hídrico prolongado, conforme foi observado, recentemente, em lavouras na Chapada Diamantina, na Bahia.

O pegamento da florada, ou seja, a transformação de flores em frutos, sempre foi um fator chave influenciando a produtividade de cafeeiros. Sabe-se que o cafeeiro tem floração profusa, ou seja, floresce  muito, mais do que pode suportar depois, quando crescem os frutos. Embora ocorram perdas de chumbinhos pelo descarte, de forma normal,  a manutenção de condições favoráveis ao vingamento da frutificação deve ser perseguida, visando reduzir as perdas anormais.

Alguns fatores que influem no pegamento da florada em cafeeiros já foram bem estudados, citando-se a importância do bom enfolhamento das plantas, como condição essencial para garantir as reservas necessárias à boa frutificação. Também se conhece o efeito favorável da proteção da florada do ataque de fungos, especialmente nas zonas mais frias e úmidas.

Uma causa agora identificada, como responsável por abortamento de frutinhos de cafeeiros, nas rosetas, é a falta de umidade no solo ou o stress hídrico prolongado. O problema de abortamento foi constatado em lavoura onde, após passar 4-5 meses sob stress hídrico, ocorreu uma  chuva, de 10 mm, em meados de outubro,  abrindo a florada e, novamente,  sofreu com stress, pois houve , nova chuva somente de 10 mm, em meados de novembro e no final deste mês, ai sim, vieram chuvas de cerca de 100 mm. Os frutinhos novos, nas rosetas, apareceram de cor negra, secos desde o pedunculo, 30-40 dias após à florada.

Analisando-se a condição na lavoura verificou-se que o processo de abortamento aconteceu pelo fato da seca, num primeiro momento, ter  provocado  a perda de folhas dos ramos produtivos, em muitos deles  até o ultimo par. Então, como consequência, o ramo sem estas folhas terminais, ficou sem  a “bomba” que puxa a água, pelo efeito da transpiração, e os frutinhos não foram  hidratados, acabando por secar, muitas vezes tomando toda a roseta. Nesse caso, verificou-se que o problema do abortamento ocorreu mais na parte terminal dos ramos produtivos e, também, mais em plantas novas e na parte superior das plantas. Tudo isso, em conjunto,  dá a pista para que se chegue à causa do abortamento – a desidratação das frutificações novas.

É oportuno destacar que causas outras de abortamento, como o ataque de Phoma/Ascochyta, foram descartadas,  pois não ocorreram na área condições de umidade, que favoreceriam a doença. Também, o fato do abortamento ter ocorrido em plantas mais jovens, na 1ª e 2ª safra,  e havendo outras lavouras velhas sem o problema, na mesma área, descarta a hipótese de doença.

J.B. Matiello- Eng Agr Fundação Procafé e Vanderlei Silva  – Tec. Fda Bela Vista

Fonte: Procafé

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