Passeio monitorado no Cafezal Urbano do Instituto Biológico une história, lazer, economia, cultura e agricultura

Publicado em 10/04/2019 11:26

É domingo de manhã e a Avenida 23 de Maio pulsa movimento naquele que é considerado o dia do descanso. Logo ao lado, guindastes de obras também não tiram folga e levantam estruturas que fazem de São Paulo a cidade que nunca dorme. O Museu de Arte Contemporânea (MAC) vê seus corredores ficarem cheios de gente faminta de cores e formas. O Parque do Ibirapuera recebe aqueles ansiosos por lazer e relax em seu gramado. Em meio a tudo isso, o Cafezal Urbano do Instituto Biológico (IB), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento paulista, recebe um pouco de cada uma dessas influências em uma visita monitorada que une história, lazer, economia, cultura e agricultura.

Enquanto a cidade é construída, o trânsito escorre pelas ruas e a descontração toma conta do gramado do maior parque da América Latina, um grupo de 30 pessoas de todas as idades se prepara para conhecer um dos principais motores que ditaram esse ritmo frenético de hoje: o café. Conhecer em seu mais amplo sentido, com direito a comer o grão, sentir o cheiro das cerejas que colorem de vermelho os galhos e descobrir como a força da cafeicultura paulista foi construída. A produção dos cafés do Brasil equivale a 36% do total mundial.

A pesquisadora Harumi Hojo guia o grupo ricamente heterogêneo, com estudantes de Comércio Exterior, representantes da indústria, baristas e famílias curiosas por um programa dominical diferente, informativo e divertido. Antes de levar todos para a imensidão verde do cafezal, nesta época salpicada de tons de vermelho das cerejas do grão, familiariza os presentes com uma das mais completas cadeias produtivas do agro.

Nossa guia explica que o café dá no pé uma vez ao ano, que a coloração e o sabor são resultados dos diferentes tipos de torra e que uma maior qualidade da bebida está ligada ao pouco processamento. É a partir de fevereiro que o grão começa a amadurecer – seguindo a sabedoria da natureza que ameniza a temperatura para a chegada do Outono. Mas em um ritmo que precisa ser respeitado para ter bom sabor. “Se o grão amadurece muito depressa interfere na qualidade. O amadurecimento é que faz a mudança dos açúcares”, esclarece.

Essa verdadeira aula, à sombra de um abacateiro, à frente de grandes e frondosas filas de dois mil pés de café tipo arábica das variedades Catuaí e Mundo Novo, continua ao ensinar mais uma vez a perfeição da natureza – o pé de café produz apenas onde os raios solares alcançam. Vem daí a necessidade de um manejo constante que libere ao sol aqueles raios que ainda não produziram seus frutos. É preciso luz para que o verde seja lindamente manchado por frutas de rica paleta de vermelhos.

Enquanto o filho ainda pequeno se diverte juntando a grama recém-cortada, Yukari Toyoshima presta atenção às orientações e descobre que são necessários dois quilos de grãos para se fabricar 250 gramas de café em pó. Que os grãos não podem ser colhidos de qualquer maneira porque possuem amadurecimentos diferentes e que alguns cafés são mais caros do que outros justamente por esse cuidado.

Contente por ter uma manhã de domingo educativa e divertida ao mesmo tempo ao lado do marido, dos sogros e do pequenino, ela elogia a iniciativa do IB. “É um lugar muito rico para se conhecer. Vou indicar para a escola do meu filho para trazer os alunos aqui para aprenderem tudo isso”. Não é o primeiro contato dela com o Instituto, já que o feijão que a família consome é de uma marca que faz questão de estampar em sua embalagem que seu produto foi analisado pelo Laboratório de Resíduos de Pesticidas.

Mas foi sim a primeira vez que seus olhos vislumbraram a beleza de um cafezal, ainda maior nos meses de setembro e outubro – quando a florada do café pinta de branco a área, deixa o ar com um perfume indescritível (que já despertou o interesse de uma grande fabricante de cosméticos) e oferece um show visual para quem visita o local ou tem a sorte de vê-lo em sua totalidade do alto do prédio do MAC.

Mas não é preto?

Olhos e ouvidos continuam atentos para aprender que o café não é semeado. Seu plantio é feito com mudas: une-se duas ou três delas, sadias e de variedade apropriada de acordo com o local, para se formar um pé de café – que pode crescer como qualquer outra árvore se não for realizada a poda de acordo com o que se espera da planta.

Enquanto pisam na terra cheia de matéria orgânica que aduba a plantação – que não utiliza nada químico -, o grupo experimenta o grão in natura para que alguns descubram algo que parece surpreendente para os leigos: o grão recém-colhido não tem o gosto do café que conhecemos – este sabor é conferido pela torra. Café não é preto, é verde. Café não nasce no pacote que compramos na prateleira do supermercado.

É justamente por nascer no solo, à disposição dos humores de um céu aberto e suas intempéries, que o pé de café pode, assim como os animais e outras plantas, ficar doente. Um dos principais focos do Instituto Biológico é justamente a sanidade animal e vegetal, e no Cafezal Urbano esse conhecimento é aplicado no combate à broca, um besouro bem pequeno que, sem ser convidado, entra na cereja, devora o grão e causa muito prejuízo.

Combate-se ainda o bicho mineiro e a ferrugem – ambos responsáveis por danificar as folhas e motivar uma explicação que pode parecer simples, mas é extremamente valiosa para quem vive de vender os grãos: com menos folhas, a fotossíntese também é menor. Com menos fotossíntese, há menos produtividade. Ou seja, menos folhas = menos grãos = menos vendas = tristeza do cafeicultor.

Melhor do mundo

Mas para deixar o clima alegre de novo, nada como um bom elogio. Daqueles de despertar sorrisos: “é o melhor do mundo!”. É como o barista Daniel Carvalho classifica o café brasileiro. Cheio de orgulho e conhecimento, dá uma verdadeira aula sobre exportação, beneficiamento e cafés especiais. Conta um pouco da história do famoso grão colombiano, que tomou o espaço das plantações de coca. Explica a formação de preços no mercado internacional e enriquece o passeio/aula//vivência/diversão/tudo isso junto.

Uma experiência como esta pode ser vivida por todo mundo que tem curiosidade sobre um dos principais produtos agrícolas brasileiros. Para se ter a consciência de que a história do café se confunde com a do Estado de São Paulo, toda a população pode agendar uma visita como esta. Pode ainda mais: colher os grãos direto dos pés.

Não, não é algo muito distante de você. Na manhã do próximo 24 de maio, o IB abre suas portas para quem quiser participar do “Sabor da Colheita”, evento realizado no Dia do Café para marcar oficialmente mais um início deste trabalho de colher, secar, beneficiar, ensacar e levar o nome do Brasil para grande parte do mundo – com um sabor delicioso, arrancando elogios e dando água na boca.

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Fonte:
Instituto Biológico

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1 comentário

  • Bruna Skimell Coelho

    Por favor, podemos comprar o café colhido, ou existe a possibilidade de compra lá mesmo ? Como funciona? No aguardo

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