Pesquisadora de MG sequencia genoma do vírus do café e alerta produtores sobre doença "invisível"

Publicado em 03/08/2020 15:57 e atualizado em 03/08/2020 17:47

Há pouco mais de cinco anos, uma pesquisa conduzida por Thais Ramalho Bean – professora e Dra. Da Faculdades Associadas de Uberaba seqüenciou e analisou o genoma completo do vírus do café pela primeira vez.  O Coffee ringspot vírus (CoRSV) - conhecido popularmente como vírus da mancha anular do cafeeiro é uma virose originária do Brasil e foi descrita pela primeira vez em 1938 no estado de São Paulo. Segundo mostra a pesquisa, em 2015 o vírus se mostrou presente em 100% das lavouras de café visitadas nas principais produtoras de café do Brasil. 


Grãos não chegam a cair, mas perdem qualidade na bebida 
Foto: Stephaní Rodrigues


Algum tempo depois, o que continua chamando atenção dos especialistas é que o vírus continua ativo nas lavouras brasileiras. De acordo com Thais, o vírus é transmitido pelo ácaro Brevipalpusphoenicis (Geijskes) (Acari: Tenuipalpidae) e induz sintomas de manchas cloróticas circulares ou irregulares nos frutos, folhas e ramos de plantas de café.  A pesquisa indicou ainda que os sintomas são acompanhados de queda prematura das folhas, ocasionando assim uma diminuição na produtividade devido à redução da área fotossintética da planta. "O grão não chega a cair, mas perde a qualidade e ficando com um maior teor de açúcar o que facilita a incidência de outros fungos", destaca. 

 

 
Fotos: Incidência do vírus em Uberaba/Minas Gerais
Foto: Stephaní Rodrigues​

 

Segundo Thaís, a doença ainda pode passar pelos olhos do produtor, sem que ele perceba que se trata do vírus em questão, podendo ser confundido com a ferrugem. "O sintoma inicial é parecido com ferrugem. O produtor pode achar que se trata de uma doença, mas na verdade é um outro vírus", destaca.  Thais reforça que ainda não existe um produto químico para curar a planta do vírus, mas enfatiza que é importante que o produtor identifique o vírus na lavoura e o controle do ácaro vetor é fundamental para prevenir os danos. 


A professora Thaís esclarece que as principais cultivares de café arábica são suscetíveis ao vírus da mancha anular do cafeeiro, que está presente em todo território nacional. “Estima-se ainda que as mudanças climáticas terão um impacto negativo no suprimento global de café, não apenas em termos de impacto ambiental, mas também influenciando o surgimento de pragas e patógenos emergentes, como o CoRSV”, completa.

*A pesquisa foi orientada por Michael Goodin e Antonia Figueira

 


Dra. Thaís em centro de pesquisa em Uberaba/MG
Foto: Stephaní Rodrigues

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Por: Virgínia Alves
Fonte: Notícias Agrícolas

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