Café e Clima Cooxupé: Florada se abriu com calor e baixa reserva de água no solo, diz especialista

Publicado em 06/10/2020 18:41

A florada de café neste ano se abriu entre o fim de setembro e início de outubro sob condições de muito calor, seca e, consequentemente, baixa reserva de água no solo, informou o engenheiro agrônomo da cooperativa Cooxupé e cafeicultor, Guy Carvalho, no Fórum Técnico Café e Clima, promovido online nesta tarde, pela própria cooperativa. "Além disso, a previsão de chuva é só a partir de 10 de outubro", continuou. "Essa situação levou as plantas ao limite, pois estão com privação hídrica muito grande", disse ele, referindo-se às principais regiões cafeicultoras do País, em São Paulo e Minas Gerais.

De fato, o déficit hídrico no solo este ano nos cafezais bateu recorde, confirmou o também agrônomo Éder Ribeiro dos Santos, coordenador de Geoprocessamento da Cooxupé, no mesmo evento. "Armazenamento de água no solo baixo, temperaturas elevadas e poucas precipitações contribuem para essa condição", confirmou. "O florescimento ocorreu em situação de temperaturas máximas muito altas e déficit hídrico extremamente elevado."

Ainda segundo Carvalho, outra questão que deve prejudicar a próxima safra é que os cafezais vêm de safra cheia no ano passado, o que exige muito das plantas. "Em 2019 houve a 'bienalidade alta' (na qual os cafezais produzem mais em relação ao ano anterior)", explicou. "Para agravar a situação, nos últimos dez meses as chuvas caíram em níveis muito baixos, menores do que a metade da média histórica; isso maltratou muito as plantas", continuou. "Esse quadro é irreversível e preocupante e com certeza afetará a produção a ser colhida em 2021", disse.

Chuva até novembro será abaixo da média nas áreas produtivas

A chuva neste último trimestre do ano deve ficar abaixo da média nas regiões cafeicultoras do País em função do fenômeno climático La Niña, disse o professor da Esalq/USP Paulo Sentelhas, especializado em agroclimatologia. Sentelhas participa nesta tarde de evento online promovido pela cooperativa Cooxupé sobre café, clima e perspectivas para a safra 2021. "A expectativa é de que as chuvas voltem a partir do fim de outubro e que a estação chuvosa se restabeleça mesmo em novembro", continuou ele. "Até lá, a deficiência hídrica vai continuar atrapalhando o desenvolvimento da safra de café."

Ele disse que, principalmente pelo fato de que em outubro as chuvas serão bem abaixo do normal, "isso vai influenciar a deficiência hídrica do trimestre inteiro". "Há uma probabilidade alta de a chuva ficar abaixo do normal nesse período", enfatizou, acrescentando, porém, que a situação pode se modificar em razão da previsão de longo prazo quando se fala de clima. Sentelhas explicou também que em anos de La Niña o período de seca do ano seguinte costuma se prolongar um pouco mais.

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Fonte: Estadão Conteúdo

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