Cadeia do café debate ações para adaptação e resiliência a mudanças climáticas

Publicado em 27/01/2023 11:29
Em reunião do Projeto Coffee & Climate, setor entende que são necessárias mais pesquisas para avaliar impactos das avançadas práticas sustentáveis da cafeicultura em relação às alterações do clima

O Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) participou, ontem, 26 de janeiro, da Comunidade de Prática (CdP) da fase lll do Projeto Coffee & Climate no país, gerido pela Fundação Neumann do Brasil, que tem como tema “Mudanças Climáticas”.

A CdP tem como objetivo reunir os diferentes atores da cadeia produtiva do café, juntamente com lideranças jovens, mulheres e organizações para debater os desafios e propor soluções aos temas relacionados às mudanças climáticas e seus impactos na cafeicultura.

“O evento proporcionou profícua interação entre os participantes e pesquisadores do tema mudanças climáticas, subsidiando as discussões sobre ações necessárias para proporcionar mais adaptação e resiliência à cafeicultura brasileira”, revela Silvia Pizzol, gestora de Responsabilidade Social e Sustentabilidade do Cecafé.

Em palestra, a Dra. Claudine Pereira Dereczynski, do Instituto de Geociências da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), contextualizou o 6º Relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), publicado no ano passado, e apresentou resultados de pesquisas que corroboram a tendência de aquecimento em toda a América do Sul até o final do século XXI.

O pesquisador Jurandir Zullo Junior, do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), abordou trabalhos científicos que tratam da relação entre agricultura e mudanças climáticas, incluindo seus impactos no zoneamento agroclimático do café no Brasil.

“Após as apresentações e debates, ficou evidente a necessidade da realização de mais pesquisas, integrando equipes multidisciplinares, com o objetivo de avaliar os impactos das avançadas práticas sustentáveis existentes na cafeicultura brasileira na adaptação e resiliência às mudanças climáticas”, analisa Silvia.

Conforme ela, algumas dessas práticas foram avaliadas no Projeto Carbono do Cecafé, como o maior aporte de matéria orgânica e manutenção de cobertura nas entrelinhas do cafeeiro, que geram impactos positivos nas propriedades químicas, físicas e biológicas do solo, qualidade do ar, armazenamento da água, captura de carbono e promoção da biodiversidade.

“Tais benefícios foram demonstrados cientificamente pela obtenção de um balanço negativo de carbono da ordem de 10,5 toneladas de gás carbônico e equivalentes por hectare ao ano devido à adoção dessas boas práticas agrícolas no café”, pontua.

Os participantes também discutiram os principais desafios impostos pelas mudanças climáticas e soluções a serem trabalhadas, como a disseminação de práticas de agricultura regenerativa, mais capacitações em gestão da propriedade rural, acesso a instrumentos financeiros para mitigação de riscos, captura de valor pela remoção do carbono da atmosfera, entre outros.

“Esses resultados estão sendo avaliados pela equipe da Fundação Neumann do Brasil e subsidiarão os conteúdos a serem abordados nas próximas etapas da CdP do Projeto Coffee & Climate, que ocorrerão ao longo de 2023”, conclui a gestora do Cecafé.

Fonte: Cecafé

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Café: Perspectivas de chuvas no BR consolidam novamente baixas em NY no fechamento desta 6ª feira (19)
Consumidores de café dos EUA enfrentam preços mais altos mesmo após retirada de tarifas
Preços do café caminhavam em lados opostos nas bolsas internacionais na manhã desta 6ª feira (19)
Preços do café recuam nas bolsas internacionais e atingem mínimas de 4 meses nesta 5ª feira (18)
Região de Franca/SP registra bom pegamento da florada do café para safra 2026
Preços do café no Vietnã caem ao menor nível desde março de 2024 com aumento da oferta