China X EUA: Encontro mantém mercado cafeeiro operando em sinal de alerta, e traz preocupação sobre o futuro da indústria e da demanda global

Publicado em 08/05/2025 10:31 e atualizado em 09/05/2025 10:40
Notícias Agrícolas ouviu especialistas do setor cafeeiro sobre as expectativas para o esperado encontro das duas maiores economias do mundo

O cenário de incertezas sobre a economia global continua levando as bolsas ao redor do mundo trabalharem com fortes e rápidas oscilações. A notícia de que representantes dos governos dos EUA e China irão se encontrar, oficialmente, em Genebra, na Suíça, neste sábado (10), pode ser o primeiro passo para um possível acordo entre as duas maiores economias do mundo.  

Leia mais:

Segundo especialistas do mercado cafeeiro ouvidos pela produção do Notícias Agrícolas, neste momento, o encontro que tem sido chamado de "quebra-gelo" não deverá abordar a questão do setor cafeeiro, uma vez que os dois países são apenas consumidores da bebida. Mas, apesar de trazer um clima de otimismo ao mercado, gera preocupação sobre o futuro da indústria cafeeira e sobre a demanda global do produto. 

Veja o que dizem os especialistas: 

Lúcio Dias, consultor em agronegócios 

"Esse assunto de tarifas está muito complexo e difícil.  Acredito que em um primeiro momento não tratarão do café, pois estes dois países são só consumidores, mas diante da situação atual do mercado a preocupação fica com a indústria norte americana, pois eles serão os grandes prejudicados e terão que repassar tarifas caso elas entrem em vigor. Com a escassez mundial e o preço internacionalizado, quem irá pagar a conta será o consumidor. A indústria americana está fazendo um enorme trabalho para ficar livre das tarifas. Em minha opinião, se estivéssemos em fase de excesso de produção quem pagaria as tarifas seria o produtor. Apesar que temos um determinado reflexo, pois os diferenciais têm aberto bastante".  

Haroldo Bonfá, analista de mercado e diretor da Pharos Consultoria 

"Fico muito preocupado com os produtores de soja e milho americano, que vendiam muito para a China e agora com essa sobretaxa de 125% para os produtos exportados pelos Estados Unidos a China, deve virar zero esse volume da enorme safra americana, que deverá procurar outros destinos, entre eles o Brasil e a Argentina, que por sua vez devem suprir a ausência dos EUA. Já no tocante ao café, a preocupação é apenas a queda de renda do chinês, que não deve ocorrer no médio prazo, pois a bebida na China é apenas consumida pela classe média alta". 

Vicente Zotti, analista e sócio-diretor da Pine Agronegócios 

"Sobre o contexto do café, os anúncios de como ficarão as tarifas do Vietnã, Indonésia, Colômbia e Brasil são mais relevantes. Mas, se houver um acordo onde as tarifas não joguem os Estados Unidos ou China em recessão, o cenário é positivo quanto a demanda global. Outro fator é que, se o clima de otimismo voltar ao mercado, os especuladores podem aumentar ainda mais suas posições compradas, puxando os futuros para cima. Lembrando que o clima de otimismo é devido esse  ponto macro, mas o mercado ainda opera em sinal de cautela". 

Fernando Maximiliano, analista de café da StoneX

"Para o café não muda muita coisa porque a China e os Estados Unidos não têm nenhuma relação comercial forte com o produto. O que esse embate das tarifas pode trazer para o café é um impacto no ponto de vista macroeconômico, pois a escalada do problema gera aversão ao risco e aí os investidores fogem de ativos de risco, que inclui o café. Em um  cenário de extensão você tem os investidores com apetite maior para o risco, mas quando foi anunciado as tarifas a gente viu foi uma fuga, até dos fundos de investimento. Então assim, vejo que essa relação Estados Unidos e China está muito mais ligada a questão macro do que o café em si".

Por: Raphaela Ribeiro
Fonte: Notícias Agrícolas

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Falta de chuva no BR faz futuros do café arábica fecharem sessão desta 5ª feira (04) com ganhos de 2%
Preço médio das exportações de café não torrado dispara 46% em novembro/25 frente ao mesmo período do ano passado
Região da Alta Mogiana registra boa florada do café, mas qualidade da próxima safra preocupa os produtores
Baixos estoques pressionam os futuros do café, que trabalhavam com ganhos no início da tarde desta 5ª feira (04)
Conab: Com maior safra de conilon, produção de café é estimada em 56,5 milhões de sacas em 2025
Ministro Fávaro recebe setor cafeeiro para alinhar estratégias de promoção internacional e financiamento da atividade