O peso na xícara do americano: EUA não têm outro fornecedor de café com o mesmo potencial que o Brasil e taxação é "tiro no próprio pé"

Publicado em 17/07/2025 11:43 e atualizado em 17/07/2025 16:24
Atualmente, cerca de 33% do café consumido nos EUA vem do Brasil

"Os EUA não conseguem substituir a origem. Não conseguem comprar  cerca de 8,10 milhões de sacas de café em outra origem, a não ser no Brasil", ressaltou o gerente da mesa de operações da Minasul, Heberson Sastre.

A ameaça do governo americano de impor, a partir de 1º de agosto, tarifas de 50% sobre as exportações brasileiras para os EUA é considerada um "tiro no próprio pé" por especialistas do setor cafeeiro. Atualmente, os EUA são os maiores consumidores de café do mundo, e cerca de 33% do que é consumido no país vem do Brasil. De acordo com o Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil), o país americano  liderou o ranking dos principais parceiros comerciais dos cafés do Brasil na safra 2024/25, adquirindo 7,468 milhões de sacas. 

Segundo o analista de café da StoneX, Fernando Maximiliano, a taxação é uma situação delicada, uma vez que o BR tem uma conexão muito forte com o mercado americano. "O que eles compraram em 2024, 34% veio do Brasil. Então, não é fácil eles comprarem de outra origem. Inclusive, eu quero chamar atenção para escala das coisas. O Brasil produz, dependendo do ano, em casa cerca de 40 milhões de sacas de arábica. Temos que lembrar que, nos Estados Unidos, mais de 80% do café que eles compram é arábica. Então, um mercado consumidor forte. O segundo maior produtor da variedade é a Colômbia, com cerca de 12 milhões de sacas. Olha a diferença na escala. E sem contar que, claro, a Colômbia já manda a maior parte do café deles para os Estados Unidos. De onde então que os EUA vão tirar 6 milhões de sacas para suprir a demanda interna?", explicou o analista. 

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+ Volatilidade permanece como componente do mercado cafeeiro

O presidente do Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil), Márcio Ferreira, reforça que por questões climáticas e geográficas,  o café não é produzido nos EUA, "o grão brasileiro é o mais competitivo do mercado, pois entrega qualidade e doçura que outras origens não têm. O consumidor americano está satisfeito com o café brasileiro. Essa taxação é extremamente inflacionária ao consumidor americano", completou. 

Um estudo realizado pela National Coffee Association (NCA) mostra que 76% dos americanos consomem café, e para cada dólar de café verde importado do Brasil, são gerados US$ 43 na economia americana, que adicionam US$ 343 bilhões na economia local e criam 2,2 milhões de empregos no país. Ou seja, o café brasileiro produz muita riqueza nos EUA. 

Boletim do Escritório Carvalhaes aponta que se impostas, essas tarifas desorganizarão o mercado mundial de café, pois não existe alternativa para o fornecimento do grande volume de importado do Brasil pelos americanos."A tentativa de comprar em outras origens um volume como o fornecido pelo Brasil, desorganizaria e inflacionaria ainda mais o mercado internacional de café", reforçou o documento. 

Atualmente, a NCA e vários representantes do setor cafeeiro do BR estão realizando reuniões e negociações com o Governo Trump, com o intuito de incluir o café brasileiro na lista de produtos estratégicos e, portanto, fora da lista de novas tarifas. 

Por: Raphaela Ribeiro
Fonte: Notícias Agrícolas

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