Mercado está favorável para os cafeicultores de MG

Publicado em 13/09/2010 16:01

A colheita da safra 2009/2010 do café em Minas Gerais e no país está avançada, porém a oferta do grão no mercado está restrita. De acordo com o relatório do café, elaborado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), os produtores reduziram o ritmo das vendas esperando novos aumentos na cotação do produto. Com o volume limitado, a cotação do grão está em alta.

O preço médio, praticado em agosto, ficou em R$ 313,93 a saca de 60 quilos, o valor foi 3,8% superior ao registrado em julho e 22,1% maior em relação aos vigentes em agosto do ano passado.

Outro fator que está contribuindo para a limitação da oferta são as negociações já fechadas com entregas programadas para os próximos meses, o que reduziu a disponibilidade do grão no mercado. Os pesquisadores do Cepea temem que as vendas antecipadas signifiquem uma possível queda após as entregas, tendo em vista que muitos dos exportadores estarão supridos, reduzindo a pressão de compra.

Segundo o Cepea, os produtores estão priorizando a venda dos lotes de menor qualidade já que estão conseguindo preços elevados pelo produto. Os grãos com qualidade superior foram reservados para as vendas futuras e para situações de preços ainda maiores.

Quanto à colheita, cerca de 70% da produção já foi concluída. A previsão é que os trabalhos de campo sejam encerrados até outubro, o que é favorável à qualidade dos grãos que ainda serão colhidos. Isto devido à previsão do tempo apontar que as chuvas significativas só devem atingir as áreas cafeeiras na segunda quinzena de outubro.

Com a colheita de arábica se aproximando do final, produtores começam os tratos culturais para a próxima temporada. Para os cafezais, a boa remuneração da safra 2010/2011 incentivou produtores a investirem na lavoura da temporada 2011/2012.
 
Segundo o Cepea, alguns produtores estão intensificando os tratos culturais e instalando sistema de irrigação, no intuito de minimizar os efeitos do clima seco, que pode prejudicar o bom andamento dos cafezais e reduzir a produção nacional na temporada 2011/2012.

Para o presidente do Conselho Nacional do Café (CNC), Gilson Ximenes Abreu, a próxima safra de café em Minas Gerais deverá ser menor que a produção obtida em 2010. Além da bienalidade negativa esperada para a próxima safra, o comprometimento da renda e das condições de investimento nos cafezais poderá reduzir ainda mais a produtividade. Outro fator é a previsão de que os efeitos do La Ni¤a, na região Sudeste do país, promova a redução e o atraso das chuvas.

"Para que a próxima safra tenha um rendimento significativo e capaz de atender a demanda mundial, será necessário que o governo renegocie as dívidas dos produtores. Minas Gerais, por ser o maior produtor de café do país, concentra também o maior número de produtores endividados e sem condições de investir o necessário para alavancar a produtividade dos cafezais", disse Abreu.

Com a estimativa de redução da próxima safra, a vantagem para os produtores se configura na expectativa de que os preços da saca de café continuem nos patamares atuais e com tendência de novas altas.

Outro fator que poderá promover a renda dos produtores mineiro são os temores quanto à temporada atual de outros países produtores. Estes fatores que estão sustentando os preços nacionais e internacionais do café.

A Colômbia, por exemplo, pode novamente não atingir seu potencial produtivo devido à incidência de fungos nos cafezais. A ocorrência de fortes chuvas pode, ainda, dificultar a recuperação da safra colombiana, pois reduziria a incidência solar, dificultando o crescimento dos grãos.

Na opinião de Abreu, os principais desafios para os produtores na safra 2011/2012 serão a seca, que já afeta o período de floração dos cafezais, e a retomada da renda.

"Com a estiagem, a floração dos cafezais está atrasada. A previsão é de chuvas tardias, a partir da segunda quinzena de outubro. Caso as condições climáticas continuem desfavoráveis a produção poderá ser afetada novamente. Este ano, a produtividade nos cafezais da Zona da Mata e no Sul de Minas ficou comprometida, acarretando em prejuízos para os produtores".


Levantamento - O terceiro e último levantamento da safra de café, elaborado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), apontou que Minas Gerais deverá colher em 2010 cerca de 24,7 milhões de sacas de 60 quilos do produto. O montante representa um incremento de 24,2% na comparação com a produção do ano safra anterior, quando o Estado foi responsável pela geração de 19,880 milhões de sacas.

Minas Gerais é o maior produtor do grão no país, respondendo por 52,3% do volume nacional. O incremento na produção se deve basicamente à bienalidade positiva da cultura. A produção mineira não teve crescimento significativo se confrontada com o volume gerado em 2008, ano que também apresentou bienalidade positiva, o incremento registrado foi de apenas 3,7% superior.

"O baixo crescimento é resultado da falta de capitalização do setor, que vem amargando perdas há mais de 10 anos, devido ao mercado instável e aos baixos preços pagos pelo café", disse Abreu.

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Diário do Comérico

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