Café: Em baixa há cinco anos, estoque mundial cai para 1,99 milhão de sacas
O motivo é a redução dos estoques mundiais da commodity. Em 2004, os estoques mundiais de café eram superiores a 5 milhões de sacas de 60 kg. Desde então, iniciaram uma trajetória gradual de queda, atingindo 3 milhões em 2009.Este ano,com a baixa oferta internacional ocorrida pelas quebras da Colômbia, a cifra desabou para 1,99 milhão de sacas em 16 de setembro.
O processo de recomposição desses estoques é lento, e é necessário no mínimo uma temporada para recuperar os níveis após uma quebra. No entanto, o próximo ano promete novas turbulências. No Brasil, será ano de baixa oferta, pela bienualidade dos cafezais - os pés de café, após um ano de alta colheita, tendem a ser menos produtivos, pelas características da planta.
E a safra brasileira ainda deve ser prejudicada pelo tempo seco previsto para os próximos meses, consequência do fenômeno La Niña. Com a falta de chuvas, as floradas devem ocorrer em menor quantidade, diminuindo a produção de grãos. "Haverá uma forte queda na produção de café na próxima safra. A seca está muito acentuada", prevê Armando Matielli, diretor-executivo da Associação Nacional dos Sindicatos Rurais das Regiões Produtoras de Café e Leite (Sincal). "No ano que vem, o preço vai disparar", aposta.
Cenário internacional
A baixa oferta no Brasil pode ser agravada ainda mais por uma temporada fraca nos demais países produtores. Na América Central, a temporada de furacões pode abalar novamente a colheita, como ocorreu este ano, em que a produção foi afetada pela tempestade tropical Agatha. Na Colômbia, o clima deve influenciar negativamente a produção pela terceira vez seguida: lá o efeito do LaNiña é o oposto do que ocorre no Brasil, causando maior incidência de chuvas.
De acordo com Gil Barabach, o quadro de altos preços não vai se inverter. "No cenário mais otimista, no caso de termos uma colheita internacional boa, os preços podem afrouxar um pouco", afirma. "Mas se o pior cenário se confirmar, os preços podem ter outra disparada. Vai ser assim até que haja tempo de recompor os estoques".
Para o analista, o mercado não corre o risco de sofrer uma bolha especulativa. "Sempre há um componente de especulação em produtos negociados na bolsa, mas desta vez a alta é baseada em fundamentos de mercado."