BOI GORDO: Preços e seca devem aumentar confinamento de bovinos no 1º semestre

Publicado em 05/02/2015 05:04
por GUSTAVO BONATO, da REUTERS

SÃO PAULO (Reuters) - Confinadores de gado deverão aumentar o giro de animais no primeiro semestre deste ano, receosos com as incertezas do mercado na segunda metade de 2015, estimou a associação que reúne importante criadores do país, apontando preços atuais favoráveis para o confinamento, além de questões climáticas.

O confinamento de animais no primeiro semestre de 2015 deverá subir para 17 por cento do total anual, ante média histórica de 13 por cento para o período, projetou o gerente-executivo da Associação Nacional dos Confinadores (Assocon), Bruno Andrade.

Historicamente, 87 por cento dos bovinos confinados são engordados e abatidos no segundo semestre.

Em 2014, foram confinados 4,16 milhões de cabeças de gado no país, alta de 4 por cento ante o ano anterior, segundo a Assocon. A entidade está finalizando levantamento sobre intenções dos pecuaristas para 2015, mas destaca que a média histórica é de crescimento anual de 4 a 5 por cento.

"No primeiro semestre, haverá rentabilidade interessante para o confinamento", disse Andrade, em entrevista à Reuters.

Ele destaca que a ração, que compõe cerca de 30 por cento dos custos dos confinamentos, estará relativamente barata nos próximos meses, devido aos elevados estoques de milho e à safra recorde de soja.

Outro fator que deve aumentar o interesse pelo confinamento nos próximos meses é o mau estado das pastagens em regiões como São Paulo e Goiás, onde tem chovido abaixo da média neste verão.

Geralmente é apenas na metade do ano, período de seca no Sudeste, Centro-Oeste e Norte do país, que os pastos estão em condições ruins, levando a um maior uso dos confinamentos.

Andrade lembra que a aquisição de bois magros --que representa 55 por cento dos custos dos grandes confinadores-- está cara por falta de oferta no mercado. No entanto, o problema deverá ser compensado pelo atual cenário de preços elevados da carne bovina, permitindo margens compensadoras para quem investir nos próximos meses.

O indicador Esalq/BM&FBovespa, referência para as cotações do boi gordo no país, fechou a terça-feira em 142,45 reais por arroba, alta de 24 por cento em um ano e muito perto da máxima histórica de 145,48 reais registrada no final de novembro.

Já para o segundo semestre, segundo Andrade, o cenário é "muito incerto".

Os confinadores terão que comprar boi magro nos próximos meses, a preços certamente elevados, e venderão os bois engordados, entre agosto e outubro, a cotações incertas.

"Se a inflação continuar alta e houver mais ajustes (aperto nas políticas econômicas), pode cair o consumo de carne bovina", avaliou o executivo da Assocon.

Tags:

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Abiec diz que lançamento do Protocolo do Cerrado reforça meta da entidade de fomentar monitoramento na compra de gado no Brasil
Primeiro trimestre registrou expressivo crescimento nas exportações brasileiras de peixe de cultivo
Mapa publica portaria para o processamento de produtos de origem animal de acordo com preceitos religiosos
Brasil regula abate e processamento de animais para mercado religioso
Lula e Fávaro destacam ampliação das oportunidades do Brasil no comércio exterior