Carnes: Novas habilitações de exportação para a China potencializam ainda mais exportações do Brasil

Publicado em 12/11/2019 12:04

A notícia dada pela ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, nesta terça-feira (12) sobre a habilitação de 13 novas plantas frigoríficas para exportar carne suína, bovina e de frango para a China deve aquecer o ritmo dos embarques no ano que vem, segundo especialistas, mas ainda é preciso ter cautela nos investimentos. Ainda não há previsão de quanto as exportações devem aumentar após esta última habilitação.

Segundo o Ministério, foram aprovadas cinco unidades de suínos, cinco de bovinos e três de aves. No começo do mês, sete plantas de miúdos suínos foram habilitadas para exportação para a China e, nesta segunda-feira (11), oito frigoríficos de carne bovina foram aprovados para enviar produtos à Arábia Saudita. 

Segundo o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra, a expectativa é que a aprovação das plantas devem ampliar as exportações brasileiras como um todo, mas especialmente de proteínas animais para a China, devido à aguda crise com a Peste Suína Africana. "As habilitações são fruto dessa viagem do presidente (Jair Bolsonaro) e da ministra, o que acabou acelerando esse processo porque a presença significou interesse do Brasil em continuar sendo fornecedor em um momento tão crítico para a China", disse Turra. Para ele, essa é uma "chance de ouro" para o Brasil, uma vez que a China já é líder nas importações das proteínas neste ano sem a ampliação da habilitação dessas plantas. "Nós ainda estamos em ritmo inicial, e o forte da demanda vai ser daqui pra frente", projeta o presidente da ABPA.

A notícia animou os proprietários das plantas, segundo Turra, e inclusive frigoríficos que haviam fechado devido à crise ocorrida na produção de carne suína nos últimos dois anos, estão reabrindo. "A agroindústia está acreditando muito e investindo, novas empresas surgindo, algumas que estavam fechadas, reabrindo, e o abate deve duplicar em 2, 3 anos" afirma.

Entretanto, o produtor deve ter cautela ao investir, já que muitos estão descapitalizados por causa da crise em 2017 e 2018, conforme explica a analista de mercado da Scot Consultoria, Juliana Pila. "As exportações devem seguir aquecidas, mas ainda sem um previsão do aumento advindo desta última habilitação. A reação imediata do mercado é de animação o que pode gerar especulação e aumento de preços em toda a cadeia. Para o produtor independente o momento é de colocar a casa em ordem depois de dois anos de rentabilidade ruim, então a ampliação ou não da produção vai depender do seu caixa pensando em infraestrutura, focando em produtividade e aproveitando o bom momento do mercado".

Para Turra, a China não deve se recuperar tão cedo desta crise, e ele estima que desde a erradicação da doença, limpeza e profilaxia, o país deve começar a se reerguer "minimamente" dentro de cerca de cinco anos. "Cabe aos produtores brasileiros continuarem tomando cuidado para que a doença não chegue, o governo também tem que ter estrutura para conter, cuidados nos portos e aeroportos, pente fino. Esse risco também faz com que o produtor não se jogue de cabeça neste momento. É preciso ter cautela, investir com sustentabilidade, buscando informações", afirma.

Quem também recomenda cautela neste momento é Douglas Coelho, sócio da Radar Investimentos. Para ele, em 2017 até 2018 os produtores sofreram bastante, alguns frearam os investimentos, mas se as margens continuarem atrativas o ideal é que o produtor faça caixa, se programe, e antes de tudo, tente trabalhar mais estruturado na compra de insumos, travando o preço do milho, e cadenciando as vendas para aproveitar a alta de preços. "Possivelmente, para o mercado interno, o final de 2019 deva ser muito bom, devido as festas de fim de ano. Acho que não só para bovinos, mas também para aves e para suínos, o otimismo em relação ao ritmo dos embarques para 2020 foi reforçado. Mesmo que a gente tenha um cenário de dólar possivelmente mais calmo, já que essas reformas do governo estão andando, a gente pode ter uma boa expectativa de volume das três proteínas no próximo ano" afirma.

NÚMEROS

Segundo a ABPA, desde janeiro deste ano, a China assumiu a liderança entre os principais destinos das exportações da avicultura e da suinocultura do Brasil.  Entre janeiro e outubro, o país asiático importou 183,1 mil toneladas de carne suína (+40% em relação ao mesmo período do ano passado), gerando receita de US$ 429,8 milhões (+66%). De carne de frango, foram 444,7 mil toneladas (+22%), com resultado cambial de US$ 931,7 milhões (+38%).  
 
Ao todo, 31,4% da carne suína e 13,3% da carne de frango exportadas pelo Brasil em 2019 foram embarcadas com destino à China.

Tags:

Por: Letícia Guimarães
Fonte: Notícias Agrícolas

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Abiec diz que lançamento do Protocolo do Cerrado reforça meta da entidade de fomentar monitoramento na compra de gado no Brasil
Primeiro trimestre registrou expressivo crescimento nas exportações brasileiras de peixe de cultivo
Mapa publica portaria para o processamento de produtos de origem animal de acordo com preceitos religiosos
Brasil regula abate e processamento de animais para mercado religioso
Lula e Fávaro destacam ampliação das oportunidades do Brasil no comércio exterior