Oferta restrita faz cotação da carne exportada para a Europa subir 33%
Segundo a Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne (Abiec), em fevereiro, as exportações de carne in natura subiram 43% sobre o mesmo mês de 2009, para US$ 265 milhões. Em volume, a alta foi de 13%, para 109,2 mil toneladas (equivalente-carcaça). O preço médio se recuperou 27%. Já a receita com a carne industrializada caiu 6%, para US$ 47,3 milhões. Os volumes recuaram 2%, para 29,3 mil toneladas.
No bimestre, os embarques de carne in natura alcançaram US$ 506,1 milhões, alta de 43%. Já os volumes subiram 16%, para 207,6 mil toneladas (equivalente-carcaça).
Enquanto as vendas de carne in natura subiram, refletindo a recuperação da demanda, os embarques de carne industrializada foram no sentido inverso. A razão, explicou Otávio Cançado, diretor-executivo da Abiec, é que em 2009, as exportações de carne industrializada - item mais barato que o produto in natura - aumentaram por causa da crise. Isso elevou a base de comparação. Com a economia se recuperando, as vendas do produto caíram pois há maior demanda por produto in natura.
Cançado observou ainda que os preços de exportação têm subido "em que pese a valorização do real em relação ao dólar". A razão é que os exportadores têm conseguido renegociar preços, justamente por causa do dólar mais fraco, segundo ele. Há ainda efeito da recuperação da economia.
A melhora na demanda também na União Europeia, aliada a um quadro de oferta restrita, fez as exportações brasileiras para o bloco subirem no bimestre, bem como os preços. Foram US$ 43,2 milhões, alta de 55% em relação a igual intervalo do ano passado. Em volume foram 8,6 mil toneladas, alta de 17%. "Os preços na Europa estão se aproximando dos US$ 8 mil vistos em 2007 e 2008", afirmou Cançado. A cotação média ficou em US$ 7.398 por tonelada no bimestre, 33% de alta ante o primeiro bimestre do ano passado.
Os limites que a UE impôs à carne brasileira no início de 2008 - definindo que só fazendas certificadas podem fornecer animais para abate ao bloco -, os estoques baixos na Europa e a oferta apertada na Argentina e Uruguai explicam a valorização e levam Cançado a acreditar que os preços devem continuar a subir.
Ele informou que a lista de 19 estabelecimentos habilitados para exportação à China já foi definida. Agora, o Brasil espera a aprovação do governo chinês. A expectativa de Cançado é de que as vendas de carne in natura ao país, cujas negociações duraram 14 anos, comecem no segundo semestre.