Após 14 anos, País deve voltar a vender carne bovina à China

Publicado em 10/03/2010 10:45
O Brasil se prepara para embarcar carne bovina para o mercado chinês a partir do segundo semestre deste ano. A retomada acontece cinco anos depois da paralisação total da comercialização entres os dois países e 14 anos depois do início das negociações.

"Estamos prontos para o negócio, mas como o governo chinês é lento no processo de aprovação, acredito que devamos começar a exportar apenas no segundo semestre do ano", diz Otávio Cançado, diretor executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec).

No mês passado, a China reconheceu 16 estados brasileiros livres de febre aftosa e, no momento, aguarda o envio de uma lista com 19 frigoríficos - entre eles 14 indicados pelo próprio país e cinco que já exportam carne processada - para serem aprovados mediante suas regras sanitárias.

Desde 2005, a China restringiu a compra de carne bovina in natura do Brasil após a descoberta de focos de febre aftosa no Mato Grosso do Sul. No entanto, o impasse do comércio de carnes entre ambos os países existe há 14 anos. Depois da assinatura do protocolo de intenções em 2002, o país asiático chegou a abrir o mercado em 2004, porém, com o surto de febre aftosa em 2005, as negociações cessaram.

Devido ao potencial de consumo do mercado chinês, a Abiec estima que o país deva ficar entre os primeiros colocados na importação de carne in natura brasileira, aumentando, ainda mais, a demanda do setor que está em plena recuperação.

"A China deve encostar em Hong Kong, que é o quinto maior comprador de carne bovina do Brasil", diz Cançado. Para se ter uma ideia, Hong Kong importou US$ 55,693 milhões entre janeiro e fevereiro de 2010, o equivalente a 24,564 mil toneladas de carne (em carcaça).

As exportações brasileiras de carne bovina (in natura, industrializada e miúdos) em fevereiro aumentaram em termos de receita, volume e preço, ante ao mesmo período do ano passado. O total de receita subiu 28%, para US$ 347,693 milhões. Os embarques cresceram 8%, registrando 150,972 mil toneladas, enquanto o preço-médio obteve alta de 18%, a US$ 3,5 mil por tonelada.

Para Cançado, os números positivos refletem o momento de retomada do comércio mundial de carnes depois dos impactos negativos decorrentes da recente crise econômica global. "Os estoques estão sendo recompostos, a oferta de crédito está voltando e, consequentemente, a demanda aumenta", diz o diretor da Abiec.

Em dezembro do ano passado, o presidente da Abiec, Roberto Giannetti da Fonseca, previu um crescimento de cerca de 20% para as exportações de carne bovina em 2010. Tendo em vista os resultados apresentados pela associação ontem, Cançado mantém a previsão otimista e ressalta que, se o mercado continuar nesta tomada, é possível que os 20% sejam ultrapassados.

Em 2009, o mercado de carnes mundial sofreu fortes abalos devido à crise financeira, e apresentou queda de 23% em receita, na comparação com 2008, o que representou US$ 4,118 bilhões de faturamento. Além de ter registrado baixas de 10% em volume e 14% no preço-médio.

Ainda de acordo com Cançado, mesmo com uma possível desvalorização do real ante ao dólar, a Abiec acredita que os preços não devem sofrer fortes contrações. "A demanda que vai determinar a política de preços e não o comportamento do câmbio", afirma ele.

Novos mercados

A Rússia continua sendo o principal comprador de carne bovina in natura do Brasil, com 26% do total embarcado. O Irã ocupa a segunda colocação, com uma fatia de 18%, tendo o maior crescimento em volume e receita entre os compradores, 195% e 216%.

Apesar do alto nível de exigência da União Europeia (UE) em relação às exportações de carnes bovina, o Brasil tem aumentado lentamente as negociações com a região. Atualmente, os estados brasileiros passam por uma missão sanitária da UE que, segundo Cançado, está indo muito bem. A vistoria deve acabar no dia 15 de março. A demanda europeia no primeiro bimestre cresceu de maneira significativa ante ao mesmo período do ano passado: em volume subiu 17%, para 8,6 mil toneladas, e em receita, 55%, para US$ 43,256 milhões.
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Fonte:
DCI

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