Carnes: Rússia promove "embargos-relâmpago"

Publicado em 10/09/2010 09:43
Maior mercado para a carne bovina brasileira no exterior, a Rússia mantém os exportadores sob pressão ao adotar uma política instável de frequentes "embargos-relâmpago" para atender a interesses imediatos.

O "abre-e-fecha" russo tem como alvo principal o recente processo de concentração dos frigoríficos brasileiros. Governo e importadores russos não querem ficar reféns de dois ou três grupos. O recado vem sendo repassado a autoridades brasileiras desde meados de 2009. Os russos insistem em ampliar fornecedores, mas querem indicar empresas e elegem seus interlocutores.

As indústrias do Brasil ocuparam espaços de competidores, mas as cotações da carne têm subido por causa da alta do boi. No fundo, o objetivo da Rússia é renegociar preços. Por isso, o país usa pretextos sanitários e adia o envio de nova missão para habilitar mais frigoríficos. Na quarta-feira, anunciou a restrição às exportações de plantas da JBS no Brasil, EUA e Argentina.

"São problemas burocráticos. O nosso sistema continua bom", diz o secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Francisco Jardim. "Ocorre que o Brasil não é mais um pequeno ator, incomoda os competidores lá fora". Para ele, que embarcará para Moscou até o fim deste mês, a Rússia aceitará uma nova discussão da equivalência das regras sanitárias.

Todos os grandes exportadores de carne do Brasil enfrentam alguma restrição da Rússia atualmente. Segundo o Serviço Federal de Inspeção Veterinária russo, a JBS tem 18 unidades habilitadas a exportar à Rússia. Desse total,12 plantas têm "restrições temporárias", três sofrem "reforço de controle", o que obriga a verificação de todas as cargas recebidas em território russo, e três são "aprovadas". A Bertin, controlada pela JBS, tem quatro plantas aprovadas. No caso da Marfrig, são 16 plantas autorizadas e três com restrições temporárias. O Minerva tem sete plantas habilitadas e apenas uma com essa restrição. Procuradas, as empresas não se pronunciaram.

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Fonte: Valor Econômico

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