Rússia e Brasil: Avança discussão sobre cotas de importação de carne

Publicado em 07/10/2010 09:14
As conversas entre Brasil e Rússia sobre o acesso da carne brasileira àquele mercado evoluíram, segundo negociadores brasileiros, em meio ao desejo de Moscou de entrar até o fim do ano na Organização Mundial do Comércio (OMC), após 18 anos de discussões.

A Rússia apresentou ao Brasil um 'desenho' das concessões que poderá fazer. Uma opção é acabar com as cotas (limites quantitativos) para determinados tipos de carnes. Negociadores brasileiros dizem, porém, que os russos não apresentaram cifras e não é possível determinar ainda se o país pode exportar mais ou não.

Na semana que vem, o ministro da Agricultura, Wagner Rossi, estará em Moscou à frente de uma delegação brasileira, para insistir nas concessões para a carne brasileira. A expectativa, porém, é que um acordo final não sairá ainda desta vez. Os russos querem esperar antes para ver qual será a reação dos europeus em relação ao novo modelo.

Na semana passada, a Rússia anunciou que tinha resolvido pendências com os EUA em áreas que iam de propriedade intelectual a frango congelado, mas nenhum detalhe foi revelado.

No primeiro acordo assinado entre o Brasil e a Rússia, pelo qual o governo brasileiro apoiava a entrada dos russos na OMC, a promessa era que os exportadores nacionais aumentassem suas vendas. Nos cinco anos seguintes, o que se viu foi um movimento contrário. As vendas brasileiras caíram, enquanto os EUA e a UE abocanharam a maior fatia das cotas impostas pelos russos para a entrada de carnes suína, de frango e bovina.

Agora, as perspectivas são limitadas, porque a Rússia aumentou sua produção e quer proteger sua indústria, apesar de ser pouco competitiva, comparada ao Brasil.

Enquanto os governos dos dois países tentam negociar avanços na abertura do mercado russo, o setor privado de ambos os lados tenta se aproximar. A expectativa é que o fluxo de comércio entre Brasil e Rússia se aproxime de US$ 10 bilhões no fim da década. O intercâmbio comercial se aproximou de US$ 8 bilhões em 2008, mas caiu para US$ 4,3 bilhões no ano passado.

"Problemas de protecionismo como cotas e barreiras sanitárias fazem parte do jogo. Não podemos nos assustar com esse tipo de situação e precisamos estar preparados para isso", disse o ex-ministro Marcus Vinícius Pratini de Moraes, que preside, pelo lado brasileiro, o Conselho Empresarial Brasil-Rússia. Ontem, em encontro em São Paulo, Pratini disse que problemas de barreiras se resolvem com a política do "toma lá da cá"

Tags:

Fonte: Valor Econômico

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Abiec diz que lançamento do Protocolo do Cerrado reforça meta da entidade de fomentar monitoramento na compra de gado no Brasil
Primeiro trimestre registrou expressivo crescimento nas exportações brasileiras de peixe de cultivo
Mapa publica portaria para o processamento de produtos de origem animal de acordo com preceitos religiosos
Brasil regula abate e processamento de animais para mercado religioso
Lula e Fávaro destacam ampliação das oportunidades do Brasil no comércio exterior