Embargo russo à carne de três estados pouco influencia mercado interno

Publicado em 06/06/2011 08:52
Como é normal acontecer, muita gente opina a respeito do embargo russo às exportações de carnes de três estados brasileiros e, desavisadamente ou não, cria clima de insegurança para o produtor. Por exemplo, no sábado (4), em declaração ao jornal Folha de São Paulo, o presidente do Sindicato da Indústria de Carnes do Rio Grande do Sul, Ronei Lauxen, ao mesmo tempo em que citava ser necessário procurar outros destinos [para o produto que não for exportado para a Rússia], acrescentava que “em último caso, vamos nos voltar para o mercado interno, o que pode derrubar os preços e prejudicar o produtor”.

Em primeiro lugar, as importações russas não foram suspensas: o embargo atingiu três estados (importantes no processo, é verdade), mas no Centro-Sul outros seis estados (pelo menos) também integram o sistema. Uma vez que a maior parte dos principais exportadores tem filial em vários estados, é óbvio que o veto aos embarques de um estado será compensado através do outro. Assim, as perdas tendem a ser bem menores que as apontadas.

Em segundo lugar – e principalmente: o peso das importações russas não é tão grande quanto se aponta, em especial quando se compara o volume importado com o total disponibilizado internamente.

Caso da carne suína: a Rússia, efetivamente, é o principal mercado externo do produto, absorvendo cerca de 43% do total exportado (dados de 2010). Mas em relação ao volume global disponibilizado internamente, a carne suína exportada corresponde a menos de 9% do total. Isso, numericamente falando, corresponde, em média, a cerca de 20 mil toneladas mensais não exportadas (se as exportações para a Rússia forem zeradas) para uma oferta interna global em torno de 235 mil toneladas.

Para as carnes bovina e de frango a participação russa é ainda menor: 24% do total exportado e 4% da disponibilidade interna, na carne suína; e 4% nas exportações e 2% da oferta interna na carne de frango. Ou seja: qualquer indicação de que será o produtor quem vai pagar o pato é conversa mole pra boi dormir. Assim, o setor produtivo precisa ficar atento para não se deixar levar por esse papo.

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Fonte: AviSite

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