Exportadores de suíno têm poucas perdas com embargo russo
Além do suíno, os russos proibiram temporariamente também as compras de carnes de frango e bovina. No total foram afetados 85 estabelecimentos brasileiros.
Com um embarque equivalente a dois meses em apenas 15 dias, as indústrias esperam que o embargo seja encerrado até o início de agosto para retornar as vendas sem aumentar excessivamente os estoques. "O setor praticamente não sofreu prejuízos devido ao forte embarque na primeira quinzena de junho. Mas queremos começar a exportar para evitar que o produtor saia prejudicado", diz o presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), Pedro de Camargo Neto.
Dirigentes do governo e da iniciativa privada se reuniram ontem, no Itamaraty, em Brasília, para analisar proposta feita pela Rússia. O Valor apurou que a cota global de importação russa para suíno será próxima 400 mil toneladas. O Brasil deve ficar com uma grande fatia desse total.
Atualmente, a cota global de importação de carne suína pela Rússia é de 472 mil toneladas, mas os parceiros comerciais anunciaram que vão reduzi-la a 350 mil toneladas no ano que vem. "Isso é pressão dos russos. Eles também precisam comprar. Queremos fechar um acordo bom para os dois lados, mas sem pressão", afirma Camargo Neto.
A aposta é resolver o embargo russo sem redirecionar as vendas agora. "Acho que o embargo será resolvido até a semana que vem. Será uma surpresa se o acordo não acontecer. Por isso, não estamos pensando em estratégias alternativas. A situação deve ser regularizada", diz Camargo. Segundo ele, a dependência entre os países é mútua. "Os importadores russos estão fazendo pressão para que o governo deles suspenda o embargo porque precisam de carne e os produtores nacionais precisam vender".
Camargo Neto afirma que o produtor sairá prejudicado caso o embargo dure mais tempo. As fortes vendas antes do embargo ajudaram a manter os produtores capitalizados neste período de 40 dias, mas a situação pode ficar difícil para os pecuaristas.
"Caso o embargo dure mais tempo, os produtores podem acabar tendo prejuízo. Por isso, às vezes a proposta não é ideal, mas acabamos aceitando para que não prejudique tanto os produtores", afirma o dirigente.