Rússia amplia embargo a carne brasileira

Publicado em 18/08/2011 07:53
Na avaliação de Pedro de Camargo Neto, da Abipecs, a situação "vai ficar feia para o produtor se o embargo não cair"
A Rússia embargou mais três estabelecimentos exportadores brasileiros, dois de carne de frango e um de carne bovina, por ter detectado bactérias nos alimentos, e ameaçou incluir outros três na lista de restrições temporárias. Essa decisão amplia ainda mais o atrito entre o governo brasileiro e Moscou, que começou com o embargo russo a 85 unidades exportadoras de carne do Brasil em junho.

As novas unidades afetadas são a Libra Terminais S.A., em Cubatão (SP), a Diplomata S/A , de Xaxim (SC) e Frigoestrela S.A., em Estrela d'Oeste (SP). Segundo comunicado do Rosselkhoznadzor, a autoridade sanitária russa, os exames mostraram a presença de parasitas e bactérias de diferentes tipos em carnes exportadas.

As outras três plantas que podem entrar na lista de embargo, no caso de mais violações dos requisitos veterinário-sanitários, são a unidade da Marfrig em Promissão (SP), a da Barra Mansa Comércio de Carne e Derivados em Sertãozinho (SP) e a do Mataboi Alimentos, em Santa Fé de Goiás (GO)

A autoridade veterinária russa disse em carta enviada ao Ministério da Agricultura, "que considera necessário prorrogar a aplicação do regime de monitoramento laboratorial intensivo dos produtos de origem animal exportados do Brasil para a Rússia". O ministério já havia se manifestado anteriormente dizendo que estava trabalhando para derrubar o embargo e facilitar a entrada das carnes brasileiras no mercado russo.

Segundo os russos, "a contaminação microbiológica detectada durante o monitoramento dos produtos alimentícios produzidos no Brasil é uma violação das normas e exigências veterinárias e sanitárias da Aliança Alfandegária e da Rússia".

Moscou havia dito, na semana passada, que o nível de controle veterinário brasileiro tem diminuído, em meio a uma negociação para acabar com o embargo imposto em junho.

O problema do aumento das plantas embargadas se soma ao fechamento quase total mercado nacional de carne suína para a Rússia. "O embargo iria sair, depois não sai, depois ia sair, depois não saiu. Ninguém sabe o que acontece. O Ministério da Agricultura diz que respondeu tudo e os russos dizem que não", disse o presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), Pedro de Camargo Neto. "A coisa vai ficar feia para o produtor se esse embargo não cair".

Camargo afirmou que o governo precisa dar prioridade para o assunto. "Se o embargo não tem motivo, então o governo brasileiro precisa obrigar os russos a respeitar o acordo. Se tem motivo, ele precisa resolver o problema", disse Camargo Neto.

O diretor do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Luiz Carlos de Oliveira, informou que não iria se manifestar sobre o assunto. "Eles (russos) nunca enviam os relatórios e preferimos não nos declarar sobre o assunto", disse.

Na semana passada, o governo russo, mesmo sem encerrar o embargo imposto às carnes brasileiras em junho, havia aceitado um pedido do Ministério da Agricultura para adiar a aplicação de medidas de restrição temporária a um grupo de 37 unidades frigoríficas do país a pedido do próprio governo brasileiro.

A delegação do Ministério da Agricultura brasileiro que esteve em Moscou em 6 de julho tentou colocar fim ao embargo de 85 unidades de Mato Grosso, Paraná e Rio Grande do Sul. Em troca, ofereceu a lista de 37 plantas que poderiam ser consideradas com restrição temporária. Parte delas não exportava há mais de um ano e outra parcela havia pedido, segundo membros da delegação, a desabilitação de forma voluntária.

O Rosselkhoznadzor encerrou a nota dizendo que deverá ser informado a respeito dos resultados da investigação do governo brasileiro e a respeito das medidas adotadas. "No desenrolar da auditoria, o serviço veterinário do Brasil para provar que seu sistema de controlos oficiais é equivalente a sistemas similares da União Aduaneira".

Tags:

Fonte: Valor Econômico

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Abiec diz que lançamento do Protocolo do Cerrado reforça meta da entidade de fomentar monitoramento na compra de gado no Brasil
Primeiro trimestre registrou expressivo crescimento nas exportações brasileiras de peixe de cultivo
Mapa publica portaria para o processamento de produtos de origem animal de acordo com preceitos religiosos
Brasil regula abate e processamento de animais para mercado religioso
Lula e Fávaro destacam ampliação das oportunidades do Brasil no comércio exterior