El niño pode prejudicar produção de cana-de-açúcar no Brasil, Índia e Austrália

Publicado em 26/03/2014 16:12 e atualizado em 27/03/2014 16:19

O risco de ocorrência do fenômeno El niño está cada vez maior, informou esta semana o Escritório Australiano de Meteorologia. Investidores do mercado de açúcar, em particular, começaram a aumentar sua atenção sobre os prejuízos que o clima extremo poderá provocar na produção do Brasil e da Ásia.

Os climatologistas informam que a água no oceano pacífico ficou “significativamente mais quente” nos últimos dois meses, anunciando o aumento da temperatura na superfície da água, o que é visto como um indicador do El niño. 

"O oceano pacífico está se aquecendo”, informou o escritório, acrescentando que a maior parte dos modelos climáticos aponta para um aumento na temperatura do mar durante o inverno no hemisfério sul... As chances de ocorrência do El niño em 2014 está aumentando”. 

Ameaça à produção de açúcar
Os el niños são associados ao clima extremo em muitos países, das Américas à Austrália, e costumam trazer grandes prejuízos para a produção agrícola. Este ano, a produtividade da safra2014/15 de cana-de-açúcar do Brasil e da Austrália poderá ser prejudicada. 

O banco inglês Standard Chartered informou na terça-feira (25) que o açúcar poderá atingir 20,00 centavos a libra-peso no ultimo trimestre de 2014, o que representa um aumento considerável em relação ao preço atual, de 18,72 centavos a libra-peso. 

No Brasil, os el niño geralmente associados com volumes de chuvas acima do normal, o que pode atrapalhar a colheita e diminuir o volume de açúcar na cana. Já na Austrália, o fenômeno poderá provocar longos períodos de seca, o que também pode prejudicar a produção de cana no país, que é o 9º maior produtor da commodity. O cinturão de cana-de-açúcar australiano já sofreu este ano com a escassez de chuvas. 

O grupo australiano Canegrowers já reduziu sua previsão de safra em 2 milhões de toneladas, para 30 milhões de toneladas, de acordo com o banco Commonwealth of Australia. 

Altas para o açúcar
A corretora de commodities soft Sucden Financial informou que o crescimento da probabilidade do el niño é o principal fator de alta nos preços no mercado do açúcar. 

Já a exportadora Marex informa que "o verdadeiro desastre seria se El Niño chegar mais cedo e fizer com que as monções na Índia falhem", causando seca, embora os reservatórios de água no país estejam mais altos que o normal. A Índia é o segundo maior produtor de cana-de-açúcar, atrás do Brasil. 

Porém, segundo a Marex, o principal foco de atenção do mercado é o centro-sul do Brasil, que é responsável por 90% da produção de açúcar. Além de reduzir o volume de açúcar e atrapalhar as colheitas, o el niño poderá aumentar as doenças e pragas na cana, que já foi prejudicada pela seca no início do ano. 

Histórico de redução de produtividade
Em 2009, durante o último El niño o excesso de chuvas no centro-sul do Brasil reduziu consideravelmente a produtividade da cana. 

Em 1997, ano que registrou o evento mais intenso do El niño, foi o único ano da década em que, ao invés de crescer, a produção de cana-de-açúcar caiu no centro-sul do Brasil, segundo a Marex. 

De acordo com o grupo brasileiro Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), em 1997-98, a produção brasileira de cana-de-açúcar caiu 2,3%, para 11,4 milhões de toneladas. 

Previsões no Brasil
De acordo com a meteorologista Desirée Brandt, da Somar Meteorologia, confirma que as previsões indicam um aquecimento nas águas do oceano pacífico, principalmente no segundo semestre. De acordo com a tendência traçada pela Somar, o período entre setembro e outubro deverá registrar uma temperatura de 1,5 °C acima do normal, o que é considerada uma condição do fenômeno El niño.

Informações: Agrimoney 

Tradução: Fernanda Bellei

Leia release com informações sobre a previsão de safra de cana-de-açúcar no Brasil:

Desafios e perspectivas mundiais para o setor sucroenergético são apresentados no Sugar & Ethanol Brazil 2014

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Notícias Agrícolas

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