Problema da chuva foi a intensidade com que chegou no MT e Matopiba, avalia Paulo Sentelhas

Publicado em 04/03/2021 07:48 e atualizado em 04/03/2021 12:21
Segundo especialistas, diminuição nos volumes das chuvas apenas a partir de amanhã no MT

Após enfrentar o atraso no retorno efetivo da estação chuvosa em 2020, o produtor de soja, do Mato Grosso e também em regiões do Matopiba, agora enfrenta grandes dificuldades para seguir concluir a colheita da soja e consequentemente o plantio do milho já tem mais de 15 dias de atraso. 

Segundo Paulo Sentelhas, professor da Esalq/USP e CTO da Agrymet, o grande problema não foi o volume das chuvas, que ficaram pouco acima da média esperada para o mês de fevereiro, mas sim a forma com as chuvas chegaram, ou seja, de uma vez. "No segundo e terceiro decêndio do mês realmente choveu muito, cerca de 40mm acima da média esperada. O problema foi como essa chuva chegou, de uma vez. Foram vários dias seguidos de chuvas e isso complicou ainda mais", afirma. A média esperada para fevereiro era de 335mm e o registrou foi de 350mm. 

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Na região de Sorriso/MT, uma das mais afetadas, produtores afirmam que os volumes ultrapassaram os 200mm em um curto período de tempo. Nos três primeiros dias de março, de acordo com dados da Agrymet, choveu 43mm até a terça-feira (2), metade da média esperada para a semana. A média histórica para o mês é de 273mm. "O problema é que nós já temos um solo encharcado, dias nublados e que aumentam em muitos outros problemas como mofo na planta", comenta. 

Veja os dados coletados pela Agrymet em relação a chuva diária x média esperada: 


Fonte: Sistema AGRYMAX

Para os próximos dias, Sentelha destaca que com base nos modelos da Administração Oceânica e Atmosférica (NOAA), o produtor terá uma curta janela sem chuva para então, tentar avançar com a colheita. Segundo o Sindicato Rural de Sorriso/MT, grande parte dos produtores ainda possuem cerca de 25% da área a ser colhida. "Ainda assim, o produtor vai precisar avaliar essa colheita e saber se será possível entrar com as máquinas. Além disso, o grão vai estar muito úmido, o gasto de energia para secar vai ser maior e com certeza vai ter certo comprometimento na qualidade da soja", explica o especialista. 

Segundo o NOAA, haverá uma diminuição nos volumes a partir do dia 5, próxima sexta-feira. "O modelo mantém a condição de chuvas, mas com precipitação entre 5 mm e 10mm, o que é um forte indicativo de chuvas apenas pontuais", comenta Paulo. Mas a partir do dia 11, a tendência é que volte a registrar chuvas expressivas em toda a região. Paulo destaca que o produtor precisa avaliar as condições no dia a dia, lembrando que os modelos são atualizados diariamente. 

As previsões da Agrymet vão de encontro com as projeções do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). O modelo Cosmo também começa a indicar uma redução dos volumes de chuvas a partir de sexta-feira em todo o estado do Mato Grosso. Ainda de acordo com o Inmet, a tendência é de um retorno dos volumes mais expressivos em algumas áreas do estado a partir do dia 9, próxima terça-feira. 

Veja o mapa com a previsão de precipitação do Inmet: 

  
Fonte: Inmet 


Na região oeste do Tocantins, onde o produtor também vem enfrentando dificuldades, o cenário observado em fevereiro é muito semelhante, avalia Paulo. Os dados da Agrymet, válidos na região de Araguacema/TO, destacam que a partir do dia 7 de fevereiro os volumes passaram a ser expressivos na área.

Nos últimos dois decêndios do mês, as chuvas acumularam 135mm, contra uma média de 107mm para o período. "A gente consegue ver no balanço hídrico de forma muito clara o excedente de água no solo, apresenta-se muito encharcado", comenta Paulo. 

A pausa nas chuvas também deve acontecer no final de semana para a região. Mais uma vez, os modelos apontam para uma redução nos volumes, indicando apenas chuvas pontuais. Diferente do Mato Grosso, a tendência é de um espaço mais confortável para o produtor trabalhar, já que os modelos mostram o retorno de chuvas volumosas apenas no dia 16. 

O modelo do Inmet também começa a reduzir os volumes a partir do dia 5 em todo o estado do Tocantins. O modelo mostra ainda áreas de instabilidade, com chances de chuvas de 20mm no dia 6, mas a partir do dia 7, prevê chuvas de baixos volumes em todo o estado. A chuva também vai dar uma pausa nas demais áreas do Matopiba, como Maranhão e Piauí. De acordo com Paulo, no caso do Maranhão, os volumes já começam a cair nesta quinta-feira (4).

Veja o mapa de previsão de precipitação para o dia 07/03 do Inmet em todo o Matopiba:


Fonte: Inmet 

Segundo o mapa de armazanamento relativo de água no solo, da Agrymax, sinaliza para boa parte do Brasil com armazenamento hídrico acima de 80%. O cenário é o mesmo para o Centro-Oeste, Matopiba e Sudeste. 

No Centro-Oeste, o armazenamento é mais baixos apenas no Mato Grosso do Sul, com volumes entre 40% e 60%. Também com armazenamento nesses patamares, o modelo aponta boa parte do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. No Nordeste, a condição é mais crítica, com volumes de no máximo 20%. 

Veja o mapa de armazenamento relativo de água no solo: 


Fonte: Agrymet 

Veja fotos enviadas por produtores ao Notícias Agrícolas: 




 

 


 

Por: Virgínia Alves
Fonte: Notícias Agrícolas

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