Produtores voltam a relatar perdas com enchentes no Rio Grande do Sul

Produtores rurais do Rio Grande do Sul relatam novos prejuízos causados pelas chuvas entre segunda (16) e esta terça-feira (17). As enchentes atingiram áreas que estavam preparadas para o plantio de trigo e arrastaram insumos em Jari-RS. Por meio das redes sociais, um produtor do município relatou: “Onde tinha lavoura dessecada pronta pra plantar trigo, não sobrou nada, lavou tudo. Imagina onde foi plantado, aí é prejuízo dobrado.”

O agricultor Rafael Fontana, que também teve prejuízos, desabafou: “A saga continua. Três secas, duas enchentes agora. Tudo as terras novamente estragadas, fertilizantes tudo indo embora. O inverno era o último suspiro do produtor e agora se foi tudo novamente.” Imagens divulgadas também mostram uma área onde a lavoura havia sido plantada inundada pela água.

Área com trigo recém semeado em Santo Antônio das Missões:

Imagens entre os municípios de Santo Antônio das Missões e São Borja: 

Foram registradas fortes chuvas chuvas entre a noite de segunda (16) e a manhã desta terça-feira (17), com acumulados elevados em diferentes regiões do estado. Em Santiago, por exemplo, produtores registraram 250 mm nesse intervalo. Em Unistalda, o acumulado chegou a 205 mm até segunda-feira.

Em São Borja, foram reportados 150 mm durante a noite, e no distrito de Rincão de São Marcos, também no município, os acumulados chegaram a 175 mm. Já em Quevedos, os volumes superaram 140 mm, e em Santa Margarida, um produtor registrou 138 mm. Em Cacequi, na localidade de São Lucas, choveu 140 mm. Também foram apontados alagamentos e queda de granizo com estragos em Livramento.

Os impactos também afetam a infraestrutura, com bloqueios parciais e totais em rodovias estaduais. De acordo com informações atualizadas no final da tarde desta terça-feira, as seguintes rodovias estão com trechos interrompidos:

O cenário renova a preocupação de produtores e entidades do setor com o impacto das chuvas sobre o calendário agrícola, principalmente no início do plantio do trigo, que já vinha sendo apontado como uma esperança de recuperação após perdas sucessivas ao longo do último ano.

Mais imagens dos danos causados pelas chuvas no estado, municípios como Toropi, Júlio de Castilho, Quevedos, Jaguari e São Vicente do Sul: 

Estado segue sob alertas de tempestade e acumulados elevados, aponta Inmet

O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) mantém praticamente todo o Rio Grande do Sul sob alerta laranja de perigo para tempestades, com destaque para a região oeste, onde diversos municípios estão sob alerta vermelho de grande perigo para acumulado de chuva.

Segundo o Inmet, o alerta vermelho, com vigência de 17 de junho às 1h até 19 de junho às 23h59, indica possibilidade de chuvas intensas, superiores a 60 mm por hora ou acima de 100 mm por dia. O órgão reforça o risco elevado de grandes alagamentos, transbordamentos de rios e deslizamentos de encostas, principalmente em cidades com áreas vulneráveis a esses fenômenos.

As regiões afetadas pelo alerta vermelho abrangem o Centro Ocidental, Sudoeste, Sudeste, Metropolitana de Porto Alegre, Centro Oriental e Noroeste do Rio Grande do Sul.

Além disso, o Inmet mantém o alerta laranja de tempestade, válido desde a tarde do dia 16 até as 23h do dia 19 de junho. Este alerta prevê chuvas entre 30 e 60 mm por hora, ventos intensos de 60 a 100 km/h e queda de granizo. Entre os riscos estão cortes de energia elétrica, estragos em plantações, queda de árvores e alagamentos.

As áreas sob alerta laranja incluem o Sudoeste, Noroeste, Centro Ocidental, Metropolitana de Porto Alegre, Sudeste, Nordeste e Centro Oriental do estado.

Atualização da Defesa Civil na manhã desta quarta-feira (18)

As fortes chuvas deixaram, até o momento, 1.000 pessoas em abrigos, 1.336 desalojadas, além de dois mortos e uma pessoa desaparecida, segundo a Defesa Civil Estadual. Candelária registrou um óbito e um desaparecido após um veículo ser arrastado pela água. Em Nova Petrópolis, um jovem de 22 anos morreu nas mesmas circunstâncias.

Jaguari é um dos municípios mais afetados, com 600 desabrigados e 600 desalojados. Santa Maria teve 36 pontos de alagamento, uma inundação, colapso de edificação, queda de árvore e danos em 34 casas, além de nove desabrigados e 178 afetados. Lajeado relatou o desabamento de uma casa sem vítimas e vários pontos de alagamento. Sobradinho teve o extravasamento do Rio Carijinho, retirada de famílias de risco e suspensão das aulas.

Em Canoas, são 28 desabrigados e 89 desalojados. Encruzilhada do Sul registrou 15 casas inundadas, 30 desalojados e 150 afetados. Santa Cruz do Sul teve seis desabrigados e 120 desalojados. Alagamentos também foram registrados em Guaíba, Ibirapuitã, Mata, Paraíso do Sul, São Borja e São Martinho da Serra.

Diversos municípios relatam danos em estradas, pontes, telhados, redes de água e energia. Estruturas foram interditadas em Marques de Souza e Vale do Sol. Houve deslizamentos em Cotiporã e Flores da Cunha, queda de árvores e postes em Nova Hartz, Gravataí e Santana do Livramento, além de problemas semelhantes em Cerro Branco, Chuvisca, Campos Borges, Passa Sete, Santa Margarida do Sul e São José do Herval.