La Niña deve impulsionar o setor de irrigação no Brasil

Publicado em 21/09/2010 08:04
O fenômeno climático La Niña deve impulsionar o setor de irrigação no Brasil. As indústrias do segmento apostam no sistema como mecanismo para driblar as previsões de estiagem para 2011. Segundo Marcelo Borges, presidente da Câmara Setorial de Equipamentos de Irrigação (CSEI), da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), apesar do alto investimento necessário de em média R$ 5 mil por hectare, o retorno com o ganho na produtividade é rápido. "O valor varia de acordo com a distância da água, desnível vertical e cultura", diz.

No entanto, para Borges, a decisão do agricultor de utilizar sistemas de irrigação na lavoura não deve ocorrer apenas quando fenômenos climáticos sinalizam comprometimento da safra. "O produtor deve olhar para a irrigação não só por necessidades pontuais, mas pelos benefícios que o sistema oferece", afirma.

De acordo com o presidente, os sistemas de irrigação possuem um prazo de maturação longo. Além da elaboração de um projeto para cada propriedade, ainda é necessário licenciamento ambiental. "Quem sente a seca agora e começa a irrigar, vai perceber o efeito apenas no próximo ano."

O maior entrave para o produtor iniciar a irrigação, segundo Borges, está no processo para obtenção de outorga de uso da água, de domínio da União. A Agência Nacional de Águas (Ana) responde por cursos de água federal, e órgãos estaduais por cursos da região. "Em média, leva-se de 120 a 180 dias a liberação, mas varia de caso para caso, às vezes pode levar anos", explica o presidente.

A CSEI, de acordo com Borges, tem lutado pelo desdobramento do processo e pela transparência para obtenção da licença. "Cada estado define suas normas, as exigências são diferentes." Dados da CSEI mostram que os sistemas de irrigação intensificam o uso do solo e permite a diversificação da produção.

Segundo Daniel Alberto Cardozo Júnior, diretor da empresa Víqua, o recurso de irrigação por gotejamento possibilita 80% de economia de água. "No sistema convencional de 60% a 70% da água é perdida por evaporação."

Ainda de acordo com o executivo, a economia de energia elétrica é proporcional a de água. "Com irrigação o ganho na produtividade chega a 30%", afirma.

A produção de grãos na Região Centro-Oeste, segundo Borges, com irrigação pode atingir cinco safras em dois anos. Normalmente, e com risco de sofrer alterações climáticas, a região chega ao máximo de quatro safras no período. As regiões brasileiras cuja utilização de irrigação é mais intensa, de acordo com o diretor da Víqua, são o Sertão, os locais semi-áridos, como Petrolina e Juazeiro, e na Bahia, especialmente às culturas voltadas para exportação, como de frutas, incluindo uvas para vinho, além de café. No nordeste são irrigados abacaxi, manga e banana. "Em São Paulo, as lavouras de café e hortaliças também são bem irrigadas", diz.

A catarinense Víqua, que oferece mais de 800 itens para irrigação, investe agora em uma nova linha de sistema para a temporada 2011. "Estamos desenvolvendo uma nova linha que será importante para a irrigação na Região Sudeste", adianta o diretor. Segundo ele, o grupo aposta em aumento no número de terras brasileiras irrigadas com a previsão dos efeitos do La Niña no País. "A tendência é aumentar a procura. Temos muito para crescer".

Tanto que a Víqua estima para 2010 avançar entre 20% e 25%. O segmento de irrigação representa 22% do faturamento da empresa.

Estatística da CSEI aponta que no Brasil apenas 4,1 milhões de hectares são irrigados, de um potencial de 60 milhões de hectares.

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Fonte:
DCI

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