La Niña deve impulsionar o setor de irrigação no Brasil
No entanto, para Borges, a decisão do agricultor de utilizar sistemas de irrigação na lavoura não deve ocorrer apenas quando fenômenos climáticos sinalizam comprometimento da safra. "O produtor deve olhar para a irrigação não só por necessidades pontuais, mas pelos benefícios que o sistema oferece", afirma.
De acordo com o presidente, os sistemas de irrigação possuem um prazo de maturação longo. Além da elaboração de um projeto para cada propriedade, ainda é necessário licenciamento ambiental. "Quem sente a seca agora e começa a irrigar, vai perceber o efeito apenas no próximo ano."
O maior entrave para o produtor iniciar a irrigação, segundo Borges, está no processo para obtenção de outorga de uso da água, de domínio da União. A Agência Nacional de Águas (Ana) responde por cursos de água federal, e órgãos estaduais por cursos da região. "Em média, leva-se de 120 a 180 dias a liberação, mas varia de caso para caso, às vezes pode levar anos", explica o presidente.
A CSEI, de acordo com Borges, tem lutado pelo desdobramento do processo e pela transparência para obtenção da licença. "Cada estado define suas normas, as exigências são diferentes." Dados da CSEI mostram que os sistemas de irrigação intensificam o uso do solo e permite a diversificação da produção.
Segundo Daniel Alberto Cardozo Júnior, diretor da empresa Víqua, o recurso de irrigação por gotejamento possibilita 80% de economia de água. "No sistema convencional de 60% a 70% da água é perdida por evaporação."
Ainda de acordo com o executivo, a economia de energia elétrica é proporcional a de água. "Com irrigação o ganho na produtividade chega a 30%", afirma.
A produção de grãos na Região Centro-Oeste, segundo Borges, com irrigação pode atingir cinco safras em dois anos. Normalmente, e com risco de sofrer alterações climáticas, a região chega ao máximo de quatro safras no período. As regiões brasileiras cuja utilização de irrigação é mais intensa, de acordo com o diretor da Víqua, são o Sertão, os locais semi-áridos, como Petrolina e Juazeiro, e na Bahia, especialmente às culturas voltadas para exportação, como de frutas, incluindo uvas para vinho, além de café. No nordeste são irrigados abacaxi, manga e banana. "Em São Paulo, as lavouras de café e hortaliças também são bem irrigadas", diz.
A catarinense Víqua, que oferece mais de 800 itens para irrigação, investe agora em uma nova linha de sistema para a temporada 2011. "Estamos desenvolvendo uma nova linha que será importante para a irrigação na Região Sudeste", adianta o diretor. Segundo ele, o grupo aposta em aumento no número de terras brasileiras irrigadas com a previsão dos efeitos do La Niña no País. "A tendência é aumentar a procura. Temos muito para crescer".
Tanto que a Víqua estima para 2010 avançar entre 20% e 25%. O segmento de irrigação representa 22% do faturamento da empresa.
Estatística da CSEI aponta que no Brasil apenas 4,1 milhões de hectares são irrigados, de um potencial de 60 milhões de hectares.