Seca toma conta de região antes próspera do Oriente Médio
Agora, após quatro anos consecutivos de seca, o coração do Crescente Fértil – incluindo grande parte do vizinho Iraque – parece estar se tornando estéril, afirmam cientistas do clima.
Sistemas de irrigação antigos entraram em colapso, fontes de água subterrânea secaram e centenas de aldeias foram abandonadas conforme as terras se transformam em deserto rachado e os animais morrem.
Tempestades de areia são mais comuns e acampamentos de agricultores que perderam tudo são armados em torno de grandes cidades da Síria e do Iraque.
"Eu tinha 400 hectares de trigo e agora está tudo deserto", disse Ahmed Abdullah, um agricultor de 48 anos que está vivendo em uma barraca de pano de saco roto com a esposa e 12 filhos ao lado de muitos outros migrantes. "Fomos forçados a fugir e agora temos menos do que zero - sem dinheiro, sem emprego, sem esperança".
O desmoronamento de terras aqui – que é tanto uma questão de má gestão humana quanto de seca – tornou-se um desafio econômico desastroso e uma crescente preocupação com a segurança para os governos da Síria e do Iraque, que estão se tornando muito mais dependentes de outros países para comida e água.
A Síria, que se orgulhava de sua auto-suficiência do trigo e até mesmo exportava o produto, agora precisa importá-lo em quantidades cada vez maiores. Os recursos de água do país caíram pela metade entre 2002 e 2008, em parte por causa do desperdício, segundo cientistas e engenheiros.
A seca na Síria levou entre 2 milhões e 3 milhões de pessoas à extrema pobreza, de acordo com um estudo concluído este mês pelo relator especial da ONU sobre o Direito à Alimentação, Olivier De Schutter. Os pastores do nordeste do país dizem ter perdido 85% de seu gado e pelo menos 1,3 milhões de pessoas foram afetadas, relatou.
Estima-se que mais de 50.000 famílias migraram de zonas rurais este ano, além das centenas de milhares que fugiram em anos anteriores, disse De Schutter.
Além disso, a Síria, com uma população em rápido crescimento, já se esforçou para acomodar mais de 1 milhão de refugiados iraquianos desde a invasão de 2003.
No Iraque, 100.000 pessoas foram deslocadas em um ano, segundo um relatório da ONU. Mais de 70% dos antigos aquedutos subterrâneos, conhecidos como karez, secaram e foram abandonados nos últimos cinco anos, segundo o relatório. Desde então, a situação só tem piorado.