La Niña: Impacto do fenômeno é restrito no RS

Publicado em 05/01/2011 06:12
Motivo de ansiedade dos produtores gaúchos nos últimos meses, o fenômeno La Niña - que reduz o volume de chuva no sul do Brasil durante o verão - está cumprindo apenas parcialmente a ameaça à safra 2010/11 no Rio Grande do Sul. Até agora o impacto concentra-se na metade sul do Estado, onde predominam o gado de corte e de leite e o arroz irrigado, enquanto na metade norte, que responde pela maior parte da produção de milho e soja, a chuva voltou em dezembro.

"A soja e o milho estão em condições muito boas na metade norte", afirma o diretor técnico da Emater-RS, Alencar Rugeri. Segundo ele, a região é responsável por mais de 85% da produção de grãos (excluindo o arroz) no Estado e se a situação atual se mantiver nos próximos meses nessa área, as projeções iniciais da instituição para a próxima colheita gaúcha poderão ser superadas.

Por enquanto, a Emater-RS prevê uma safra de 9,1 milhões de toneladas de soja, ante a estimativa inicial de 8,4 milhões de toneladas no ciclo passado, quando a colheita acabou rendendo 10,5 milhões de toneladas graças às condições climáticas "excepcionais", lembra Rugeri. Ele prefere a comparação entre as previsões para os dois períodos porque elas tomam como base fatores de longo prazo, como a média das dez últimas safras com exclusão da melhor e da pior, além do incremento da tecnologia.

Para o milho, a previsão inicial para a produção de 2010/11 é de 4,6 milhões de toneladas. O arroz, cultivado no sul, não sofre com a estiagem porque as plantações são irrigadas e devem produzir 8,1 milhões de toneladas.

A sorte de boa parte dos produtores gaúchos é que, ao contrário do que ocorreu na Argentina, o déficit de chuva no Estado caiu em dezembro, para 9,1% em relação à média histórica. Em novembro o desvio havia alcançado 47,3%, com precipitações abaixo da média nos 13 municípios acompanhados pela Emater-RS a partir de dados fornecidos pelo Instituo Nacional de Meteorologia (Inmet). Já no mês passado a situação se inverteu nos municípios das regiões central, norte e noroeste do Estado.

No sul, a situação permaneceu complicada e uma das cidades mais atingidas foi Bagé, que enfrentou déficits hídricos de 68,2% em novembro e 36,3% em dezembro. Por conta disso, há poucos dias a prefeitura local adotou racionamento de água para a população, enquanto outros municípios, como Candiota e Pedras Altas, decretaram situação de emergência em função da estiagem.

Conforme o zootecnista Fábio Schlik, também da Emater-RS, a escassez de chuva na regiões da campanha e da fronteira oeste, que abrangem uma faixa que vai de Candiota até Uruguaiana, na fronteira com a Argentina, começou em outubro.

Com isso, ao mesmo tempo em que o pasto nativo enfrentou dificuldades para brotar, os criadores de gado também não conseguiram implantar adequadamente as pastagens cultivadas, com reflexos diretos sobre a pecuária de corte e de leite.

"Choveu um pouco nos últimos dias, mas a umidade foi rapidamente absorvida pelo solo", explica Schlik. De acordo com ele, a produção diária de leite na região caiu entre 30% e 35% desde novembro porque as vacas têm menos água e alimento à disposição, enquanto o normal na entressafra desta época do ano é uma queda entre 15% e 20%. Em períodos de safra cheia, a captação local varia de 1,2 milhão de litros por mês em Santana do Livramento a 9 milhões de litros por mês em Aceguá, explica.

Na pecuária de corte, os estragos provocados pela seca incluem o emagrecimento do gado e a queda do índice de prenhez das matrizes. Conforme Schlik, em geral de 65% a 80% das vacas entram no cio neste período, mas com os animais debilitados o percentual cai até pela metade, com impacto negativo sobre a oferta futura de terneiros.

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Fonte:
Valor Econômico

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