No FST, Greenpeace critica Belo Monte, termoelétricas e novo Código Florestal

Publicado em 30/01/2012 07:53 e atualizado em 30/01/2012 10:37
O coordenador da Campanha de Clima e Energia do Greenpeace, Pedro Torres, defendeu na última quinta-feira (26) a busca por alternativas à chamada economia verde e condenou obras como a Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu (PA).

“O capitalismo está em crise e isso é um consenso que nos une a Davos [onde ocorre o Fórum Econômico Mundial], mas a economia verde não é a solução para essa crise”, disse. “Devemos pensar quais são as alternativas, para quem e como”, completou Torres durante evento no segundo dia de debates do Fórum Social Temático (FST) 2012.

Torres explicou que a Usina de Belo Monte deverá gerar mais energia para empresas amazônicas do que para a própria população da região afetada pelas obras. Ele alertou ainda que a cidade de Altamira, uma das mais impactadas, já soma 100 mil habitantes em razão das obras, mas sem melhorias na infraestrutura.

Investimentos em energia nuclear, segundo ele, também não são uma alternativa à crise. Durante o debate, o ativista lembrou os riscos evidenciados no acidente da Usina Nuclear de Fukushima, no Japão, que em março completa um ano. “O Brasil continua insistindo nessa energia que é suja, cara e perigosa”, disse.

Sobre a Usina Nuclear Angra 3, no município de Angra dos Reis (RJ), Torres ressaltou que quase R$ 8 bilhões de recursos públicos provenientes do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) já foram investidos. O dinheiro, segundo ele, poderia e deveria ser usado em outras fontes de energia.

Outra questão abordada pelo ativista trata da aprovação do novo Código Florestal no Congresso Nacional. Para ele, a discussão vai além do ambientalismo, já que os interesses do setor ruralista, baseados na derrubada de florestas, representam uma afronta à lei brasileira.

“Devemos buscar o diálogo de uma maneira mais livre. Muitos movimentos e organizações estão presos a agendas impostas pelas grandes empresas. Temos que ter a liberdade de criticar essas empresas, de criticar os governos que são poluentes. Se não, não adianta ter Rio+20 e Fórum Social”, disse. “Com essa agenda ambiental negativa que a gente tem, uma outra economia vai ser difícil”, destacou.


O OUTRO LADO:

IV Internacional anarco-marxista adota bandeiras verdes ambientalistas para 2012

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Fórum Social (ex-Mundial): no início prevalecia o vermelho, foto Valter Campanato-ABr


Intelectuais de esquerda e agitadores engajados no passado ano de 2011 no movimento anticapitalista voltaram a se reunir no Fórum Social Temático (ex-Mundial) de Porto Alegre para reavaliar suas táticas. 

Num ambiente bastante desanimado e que só se tornou possível pela polpuda verba do governo petista de Rio Grande do Sul, os representantes da extrema-esquerda mundial passaram a reafivelar a máscara “verde” para o ano 2012. 

O teólogo da libertação Frei Betto apresentou como alvo futuro a “Rio+20” que acontecerá em junho. 

E comentou: “do ponto de vista de chefes de Estado, temo que vai ser um fracasso”. De fato, os governos dependem muito da opinião pública, a qual está cada vez menos crédula nos medos irracionais e nos slogans do ambientalismo radical.

Os ativistas do Fórum Social criticaram, como é de praxe, o esboço preparado pelas Nações Unidas do texto a ser aprovado na “Rio+20” como resolução.

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No fim: a metamorfose para o verde estava bem adiantada, foto Valter Campanato-Abr

O empresário Oded Grajew, um dos fundadores do fórum anarquista mundial, disse que o texto da ONU está “muito abaixo da expectativa” radical. Com estes termos, ele parece não descartar a possibilidade de o esboço vir a ser aproveitado em certa medida pelo anarquismo vermelho vestido de ambientalismo verde.

“Se a sociedade não pressionar, vai acontecer pouca coisa, como tem acontecido nas COPs” – disse, referindo-se aos fracassos dos radicais nas conferências sobre mudanças climáticas em Estocolmo (2009), Cancún (2010) e Durban (2011). 

Mas a “sociedade” que deve “pressionar” é a dos grupelhos anarquistas reunidos em Porto Alegre. Entre eles destacavam-se os “indignados” espanhóis e militantes do “Ocupa Wall Street”, movimento que está com dificuldade financeira até para pagar a fiança de seus militantes presos pela polícia. 

Eles deverão se reciclar em função da “Rio+20” guardando as bandeiras anarco-marxistas e desempacotando os cartazes verdes, uma tarefa para a qual em verdade estão já habituados. 

O ambientalista Tasso Azevedo, ex-diretor do Serviço Florestal Brasileiro, afirmou que o documento oficial da ONU será muito pouco útil. 

De fato, com suas sinuosidades de redação e ambiguidades matreiras, o Código Florestal poderá ser de utilidade muito maior para engessar a iniciativa privada no campo brasileiro do que as pesadas declarações da ONU.

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De vermelho para verde: presidente Dilma quis contribuir.
foto Valter Campanato-Abr

Para o “teólogo” e ex-frei Leonardo Boff, o documento oficial apresentado pela ONU “são só conclamações idealistas, sem mostrar a sociedade que queremos”. 

Segundo ele, “as conclamações idealistas” não apresentam problema, pois acabam sendo mais ou menos as mesmas dos extremistas do ambientalismo. A grande diferença para o “teólogo”, que prega que a presença da humanidade na Terra é insustentável, está apenas nas aplicações práticas.

O agitador italiano Cesare Battisti condenado em seu país por múltiplos assassinatos e asilado no Brasil graças ao PT compareceu de camiseta vermelha e cabelo tingido de amarelo, cores de seu protetor. 

Também a presidente Dilma Rousseff e mais sete ministros tentaram animar o evento. Presidentes que no perdem oportunidade para se exibir como Hugo Chávez ou Evo Morales nem explicaram a ausência. 

A ex-senadora Marina Silva exigiu que a presidente Dilma Rousseff vetasse algumas atenuações existentes no Código Florestal aprovado pelo Senado. Mas não fez objeção ao conjunto do Código, o qual, embora não seja totalmente do agrado dela e de seus companheiros de extremismo, acabaria servindo à revolução comuno-progressista. 

“Peço a Deus e ao povo brasileiro que a gente se mobilize para dar sustentabilidade à presidente Dilma para que ela possa honrar isso” – apelou a senadora. 

O que aquele ambiente infestado do Fórum Mundial entendeu por “Deus”? Gaia, Pachama, matéria em evolução dialética hegeliana? Difícil sabê-lo.

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Agora extrema esquerda bancará interesse pelo planeta, foto Valter Campanato-Abr

O mais provável é que os presentes tenham achado que “dar sustentabilidade à presidente Dilma” significa apoiar, ainda que parcialmente, tudo quanto de revolucionário e radical está habilmente incubado no Código Florestal na atual redação.

O evento concluiu um manifesto sobre meio ambiente visando a futura intervenção na “Rio+20”. Na redação participaram a MST e a CUT, além das ONGs ecologistas radicais que pediram também a fracassada reforma agrária socialista e confiscatória.

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Fonte:
Agência Brasil/JABaldassari

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