Desmatamento na Amazônia faz governo endurecer negociações sobre o novo Código Florestal

Publicado em 22/05/2011 11:29 e atualizado em 23/05/2011 07:43
No jornal O Globo deste domingo (22)


A presidente Dilma Rousseff poderá vetar trechos do projeto que altera o Código Florestal se o Congresso aprovar um texto com anistia para desmatadores. A presidente também está disposta a vetar eventual redução de Áreas de Preservação Permanente (APPs). A ordem é tentar melhorar o destaque que será apresentado ao texto do relator, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), negociado esta semana entre a base aliada e a oposição. Caso isso não seja possível até terça-feira, o governo não impedirá a votação.


Nesta sexta-feira, Dilma se reuniu com os ministros do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, e da Casa Civil, Antonio Palocci, e o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP). Também participaram da reunião o ministro de Relações Institucionais, Luiz Sérgio, e o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho.


- O governo tem uma posição muito clara sobre o Código: é contra anistiar desmatadores, é contra consolidar todas as áreas e não abre mão de manter os atuais limites de APP de rio. Vamos votar terça-feira. Se perdermos, a presidente não hesitará em exercer seu direito constitucional para proteger o meio ambiente e garantir uma produção agrícola ambientalmente sustentável - disse Vaccarezza.


Estes pontos foram firmados por Dilma como compromissos de campanha, nas eleições de 2010. 


A emenda número 164, acordada por deputados da base e da oposição com o relator, legaliza (consolida) desmatamentos ocorridos em APP (margens de rios, topos de morros, encostas e áreas sensíveis ambientalmente). 


O recorte é que atividades como pasto, lavouras e plantações de árvores para a produção de madeira, causadoras de desmatamentos, tenham ocorrido antes de 22 de julho de 2008, data que o então presidente Lula editou o decreto suspendendo multas para quem descumpriu a lei ambiental.


Na prática, o texto de autoria do deputado Paulo Piau (PMDB-MG) anistia quem cometeu infrações que a lei atual condena com multa e embargo da terra. A "emenda da anistia", como foi apelidada pelo Greenpeace, abre brecha para que o Programa de Regularização Ambiental (PRA) seja feito pelos estados. Isso tiraria da União a prerrogativa de estabelecer os limites das áreas de preservação. E ainda permitiria que novas atividades sejam aceitas em APP.


O aumento de 27% no desmatamento da Amazônia teria influenciado Dilma a endurecer nas negociações em torno do texto que será votado.


Confira os principais pontos do novo Código Florestal

Publicada em 12/05/2011 às 13h57m


Marina cobra veto de Dilma à reforma do Código Florestal


Mais de mil pessoas --segundo dados da assessoria de imprensa da SOS Mata Atlântica-- protestaram na manhã deste domingo contra o novo Código Florestal, proposto pelo relator do projeto, deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP).


Rodrigo Capote/Folhapress
Marina Silva discursa para manifestantes no protesto

A manifestação, organizada pela coalização de ONGs SOS Florestas, contou com a presença de diversas lideranças políticas, como a ex-senadora Marina Silva, candidata à Presidência da República pelo PV, em 2010, e o ex-deputado Fábio Feldmann, também do PV.

Os deputados federais Ricardo Tripoli (PSDB-SP), Paulinho Teixeira (PT-SP), Ivan Valente (Psol-SP) e Alfredo Sirkis (PV-RJ), e o vereador paulistano Gilberto Natalini (PSDB) também participaram do ato.

Marina cobrou da presidente Dilma Rousseff as promessas de campanhas que a então candidata fez no segundo turno. "A presidente Dilma Roussef se comprometeu, durante o segundo turno das eleições, que vetaria qualquer lei que ampliasse o desmatamento. Esperamos, então, que ela não permita", afirmou.

Se a previsão do líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), se concretizar, a manifestação de hoje terá sido a última antes da votação da reforma do Código Florestal. Ele havia afirmado que o Código Florestal será votado na próxima semana, entre terça-feira e quarta-feira.


Evento contra a reforma do Código Florestal reuniu mil pessoas no Parque do Ibirapuera, zona sul de São Paulo
Fonte: O Globo/Folha

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