Plantio de feijão está quase concluído e intensifica ações do Projeto Centro-Sul de Feijão e Milho

Publicado em 10/11/2020 14:24

O plantio de feijão, primeira safra, deve ocupar 148,7 mil hectares no estado. Apesar de um atraso inicial, pela falta de chuvas, até última semana de outubro 92% desse total foram plantados, de acordo com o levantamento do Departamento de Economia Rural (DERAL), da Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento (SEAB). A previsão é de que o estado colha 300,3 mil toneladas de feijão na primeira safra de 2020/2021, com uma previsão de produtividade de 2.000 kg/ha.

A produtividade média do Paraná é inferior às unidades de cultivo de feijão que recebem assistência técnica do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná - Iapar-Emater (IDR-Paraná). Nas Unidades de Referência (URs) por exemplo, o esperado é de que sejam colhidos 2.700 kg/ha. Esta produtividade vem aumentando ano a ano desde que o Projeto Centro-Sul de Feijão e Milho (PCSFM) teve início nas lavouras acompanhadas pelo Instituto.

Tradicionalmente os produtores investem pouco em tecnologia no momento do plantio. Contudo, o PCSFM dissemina o uso de tecnologias e novas práticas de manejo. Atualmente, a produtividade de feijão nas propriedades assistidas chega até 1,6 vez maior que a média do estado e 2,3 vezes que a média nacional. No milho, outra cultura desenvolvida pelo projeto, a produtividade das lavouras com assistência técnica é 1,7 vez maior que as médias do estado e do país.  

Germano Kusdra, engenheiro agrônomo e coordenador estadual do Projeto Centro-Sul de Feijão e Milho, lembra que esse trabalho teve início em 1989, porque os extensionistas estavam preocupados, naquela época, com o uso excessivo de agrotóxicos, principalmente herbicidas para eliminar as ervas daninhas. Por meio de uma parceria com outras instituições, os técnicos passaram a levar aos agricultores orientações e capacitação sobre o uso adequado dos agrotóxicos. "Com esta ação articulada com a pesquisa, começamos também a trabalhar o plantio direto na pequena propriedade, porque até então esta era uma tecnologia que só os grandes produtores usavam", lembrou Kusdra.

O plantio direto possibilita conservação do solo e melhorias de fertilidade. Esta prática, orientada pela extensão rural, reflete no aumento de produtividade e renda dos produtores.

Profissionalização
Com a evolução dos trabalhos, o projeto foi se adaptando às necessidades dos produtores e, além do uso adequado de defensivos agrícolas e do plantio direto, a extensão rural passou a levar informações sobre o uso de sementes melhoradas, manejo de pragas, doenças e plantas invasoras e fertilização do solo. O objetivo foi de capacitar o produtor e explorar o potencial de produção, gerando mais renda. Assim, os agricultores puderam investir em outras atividades, no seu bem estar ou adquirir máquinas e tecnologias. 

Todas estas ações desenvolvidas no Projeto podem ser vistas nos resultados ao fim de cada safra. Em duas décadas, por exemplo, a produtividade média de feijão no estado aumentou cerca de 33%, enquanto a dos agricultores assistidos pelo Projeto mais do que dobrou. Em 1999, a média dos agricultores assistidos pelo projeto era de 1.080 kg de feijão por hectare, antes de seguir as orientações dos extensionistas. Hoje, a média desses agricultores é de 2.513 kg/ha, ou seja, um aumento de 132,7%. No milho, a produtividade saltou de 3.760 kg/ha para 9.568 kg/ha, contra a média estadual de 6.000 kg/ha.

A ação do projeto está concentrada nos municípios do Centro-Sul e Centro-Oeste, regiões onde mais se produz feijão no estado. Na Lapa, por exemplo, o plantio de feijão foi intensificado em outubro e os extensionistas do IDR-Paraná orientaram a implantação de duas Unidades de Referência. Há dois anos, o trabalho é acompanhado pelo extensionista Maghnom Henrique Melo, que verificou a diminuição do uso de inseticidas. "A média do Paraná é de cinco a seis aplicações e, com o Manejo Integrado de Pragas (MIP), os produtores conseguem manter a produtividade com apenas duas aplicações, diminuindo os custos de produção", ressaltou. Ele acrescentou que nas áreas de MIP a produtividade é mais alta, 2.800 kg/ha. "O produtor gasta menos e produz mais", destaca Melo. 

Este é o papel das URs: mostrar aos produtores os resultados das novas práticas e tecnologias inovadoras. "Nós ajustamos com produtores parceiros que implantam lavouras de um hectare em suas propriedades. Nessa área é aplicado um leque de tecnologias e ele vê o resultado acontecer. A vizinhança vai vendo também esse trabalho e vai acreditando no que é apresentado. Ali nós damos assistência técnica, fazemos reuniões, dias de campo, difundimos conhecimento sempre em parceria com a pesquisa pública e privada, a Embrapa, Instituto Agronômico de Campinas (IAC) e Syngenta. Com essa metodologia temos acesso a mais de 10 mil produtores, por ano, nos diversos eventos que fazemos", observa Germano Kusdra. 

Meio ambiente
Além de aumentar a produção, a questão ambiental e a sustentabilidade do plantio de feijão e milho ganharam relevância nos últimos anos. Para Kusdra, é preciso avançar ainda mais no uso de sementes, melhorar a qualidade do plantio direto, a fertilidade do solo e também o manejo de pragas, doenças e plantas invasoras. Segundo ele, com o acompanhamento da lavoura é possível identificar os inimigos naturais das pragas e, muitas vezes, protelar o uso de inseticidas. "Assim vamos ter uma condição mais sustentável. O consumidor vai ter um produto mais saudável e o produtor vai economizar e preservar o equilíbrio ambiental", destaca.

Atualmente os extensionistas do IDR-Paraná acompanham 155 campos demonstrativos, em 50 municípios, em oito regiões do estado. "O Paraná já aumentou, em muito, a produção de feijão e milho nas últimas safras e o Projeto Centro-Sul contribuiu para isso, e com uma atuação mais direta da pesquisa e da extensão rural, podemos dobrar essa produtividade, com adoção de boas práticas agrícolas e novas tecnologias", conclui Kusdra.

Fonte: IDR-Paraná

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