Uruguai ganha espaço no mapa do leite

Publicado em 01/06/2012 11:17
O Uruguai começa a entrar no território dos grandes exportadores mundiais de leite, e o Brasil é uma das alavancas que provocaram isso. O vizinho, que hoje sequer é citado nos rankings internacionais dos principais países produtores, com uma oferta que não deverá superar 2,2 bilhões de litros neste ano - volume equivalente à captação da maior processadora brasileira de leite, a DPA (associação de Nestlé e Fonterra) -, já mostra seus embarques se aproximando dos da Argentina, maior exportador latino-americano.

Segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a Argentina vendeu 328 mil toneladas de lácteos ao exterior em 2011. E conforme o Instituto Nacional do Leite (Inale),o país comercializou no ano passado 202 mil toneladas, por US$ 699,3 milhões. Desse total, o Brasil representou quase 30%. Em 2007, quando as vendas eram metade disso, a fatia brasileira não passava de 5%.

Entre 2010 e 2011, as exportações uruguaias de lácteos para o Brasil passaram de US$ 90,8 milhões para US$ 187,6 milhões. O produto  uruguaio entra no mercado brasileiro livremente, enquanto as exportações argentinas ao país estão sujeitas ao regime de cotas. Na semana passada, ao comentar o assunto com jornalistas, o ministro da Agricultura do Brasil, Mendes Ribeiro, descartou a adoção de barreiras ao produto porque "o Uruguai respeita as regras do Mercosul". Os produtores brasileiros, entretanto, têm reclamado.

A perspectiva no Uruguai para este ano, apesar das quedas dos preços internacionais, é que a expansão global se mantenha.No primeiro quadrimestre, o país teve alta de 41% no volume e 32% no faturamento em relação ao mesmo período de 2011.Segundo Gabriel Bagnato, coordenador de estudos do Inale, o avanço no mercado externo mudou o perfil do segmento no Uruguai. "Cerca de 70% do leite entregue nas plataformas industriais é processado para a exportação, de modo que a remuneração do produtor é regulada pela cotação internacional dos produtos, e não por variáveis internas, o que nos últimos anos permitiu ganhos importantes", disse. Em dólar, a remuneração ao produtor quadruplicou nos últimos dez anos.

O fato é que o perfil da pecuária leiteira no país mudou, e de acordo com o Inale, entre 2001 e 2010 a atividade passou a ser exercida por menos produtores, com maior investimento em tecnologia; a área ocupada pelo rebanho caiu de 1 milhão para 857 mil hectares e a quantidade de vacas em ordenha por produtor subiu de 51 para 66. A produtividade foi de 13,9 para 16,3 litros por vaca.

No setor industrial uruguaio, há um oligopólio. A cooperativa Conaprole recebe cerca de metade do leite do país por dia, e dois terços da receita de exportações vão para o grupo, de acordo com ela própria. Muito atrás fica a mexicana Induláctea e a Ecolat, que foi adquirido do grupo venezuelano Maldonado pelo grupo peruano Gloria, em uma transação de US$ 20 milhões, de acordo com notícia veiculada na semana passada pelo jornal uruguaio "El País".

Com informações do Valor Econômico

Por: Thaís Jorge
Fonte: Notícias Agrícolas

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Ovos/Cepea: Demanda enfraquecida mantém cotações em queda
Preços do frango estáveis nesta sexta-feira (26)
Mercado de suínos fecha a sexta-feira (26) com cotações, na maioria, estáveis
PorkExpo Brasil & Latam 2024 já está recebendo trabalhos científicos do mundo inteiro
Frango/Cepea: Carne de frango segue mais competitiva que a suína