Indústria de carne suína tem o desafio de recuperar o consumo doméstico e retomar as exportações

Publicado em 18/07/2013 08:18

O ano de 2013 tem sido desafiador para muitos setores do agronegócio. Os altos custos de produção – leia-se elevados preços dos insumos, da logística e valorização acelerada do dólar frente ao real – têm tirado o sono de produtores, indústria e exportadores. E, no caso da cadeia produtiva do suíno, não tem sido diferente. O setor fechou o primeiro semestre com queda no volume exportado, que ficou na casa das 240,5 mil toneladas, recuo de 10,52% segundo dados da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs).

Tal redução surtiu impacto também na receita do segmento no período, que fechou em US$ 630,2 milhões, queda de 8,31%, mesmo diante do reajuste do preço do suíno, que aumentou 2,47% e ficou em US$ 2.620 a tonelada. “Outro fator importante nessa redução foi o fechamento do mercado da Ucrânia em março, reaberto só em meados de junho”, explica Rui Vargas, presidente da entidade.

Segundo Vargas, a estimativa inicial do setor, de fechar o ano com 600 mil toneladas exportadas, segue firme, graças à reabertura do mercado da Ucrânia, que deve normalizar os embarques até agosto. Além disso, a abertura do mercado japonês à carne suína proveniente de Santa Catarina dá um novo alento à indústria daquela região, já que o Japão é um dos principais compradores de carne suína do mundo, com cerca de 1,2 milhão de toneladas anuais. “Acredito que os impactos da demanda japonesa serão mais no médio prazo, com resultados significantes a partir de 2014”, explica o executivo da Abipecs.

Além da abertura do mercado japonês, ele revela que o setor também tem negociado a abertura do mercado da Coreia do Sul, outro importante consumidor de carne suína. Para Vargas, a expansão de mercados deve ser constante. “Temos trabalhado bastante nessa questão, mas nosso grande mercado é mesmo o doméstico, que demanda cerca de 80% da nossa produção. Temos que apostar em sua força e recuperação”, diz.
 

Mercado interno
A retração do consumo doméstico da carne suína preocupa a cadeia produtiva. A retração da economia, somada ao momento de instabilidade e redução do consumo vem fazendo a demanda do produto cair nos últimos meses. “Desde o final do ano passado, temos sofrido com a retração na demanda”, explica Vargas. Ele revela que a expectativa do setor era de que houvesse um reaquecimento do mercado interno em meados de abril, algo que não aconteceu. “Some-se a isso a maior oferta de carne no mercado interno, por causa do fechamento do mercado na Ucrânia e a consequência foi a queda do preço”, diz ele.

Com baixos preços no varejo e altos custos de produção, a conta do produtor e da indústria acaba não fechando. “Algumas empresas poderão ficar em situação delicada por conta dessa equação desequilibrada, mas depende do desempenho e do mercado de cada uma”, revela Vargas.
O executivo acredita que mesmo em um cenário onde a alta da inflação encareça a carne bovina – algo que tem deixado aquela cadeia produtiva em alerta – e o consumidor volte a consumir mais suínos e aves, no curto prazo o cenário tende a permanecer desfavorável, uma vez que os custos dos insumos seguem elevados por conta da valorização do dólar. “Os custos de logística subiram muito nos últimos meses com as novas regras de transporte e descanso e o preço do milho continua em patamares elevados”, avalia.

Apesar dos desafios que o setor vem enfrentando, Vargas acredita que situações como essas não são novidades na cadeia. “Essas dificuldades sempre aparecem em determinado período do ano, ora é o clima, problemas de custo, logística ou juros; essas questões fazem parte, o desafio é encontrar o equilíbrio e seguir em frente”, pondera.

Segundo o executivo da Apipecs, o setor mantém diálogo constante com o governo federal para expor os desafios e dificuldades da cadeia. “O governo também vem tomando várias medidas, como a desoneração de tributos, que é importante para nós. Mas todas as vezes em que há um desequilíbrio na cadeia, o setor sofre e precisa de um certo tempo para se recuperar”.

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Sou Agro

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