Carne de frango: EUA miram, agora, o Oriente Médio

Publicado em 02/10/2009 07:49

Recente boletim do Serviço de Comercialização Agrícola do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) comenta que as exportações de produtos avícolas do país (quase 99% delas representadas pela carne de frango) direcionadas para o Egito, Arábia Saudita e outros países do Oriente Médio agora respondem por mais de um terço das vendas dos grandes “traders” e devem se expandir em índices superiores aos de todos os demais compradores do frango norte-americano.

O órgão dá uma mostra dessa expansão ao revelar que nos sete primeiros meses de 2009 os 10 principais mercados de destino do frango dos EUA no Oriente Médio aumentaram suas compras em 157%, o que significou “saltar” das 122 mil toneladas entre janeiro e julho de 2008 para 314 mil toneladas no mesmo período de 2009. É verdade que, nesse mercado, o maior incremento (+214%) foi observado no Iraque, país “ocupado” pelos EUA. Mas há, entre esse compradores em expansão, importantes clientes brasileiros – caso, por exemplo, dos Emirados Árabes Unidos, cujas compras nos EUA aumentaram 57% em 2009 (até julho).

O USDA, aliás, faz referência à presença brasileira nesse mercado. Cita que o Oriente Médio é o principal destino do frango do Brasil que, nos oito primeiros meses de 2009 (janeiro-agosto) exportou para a região 914 mil toneladas do produto, 20,6% a mais que no mesmo período de 2008. Mesmo assim, o ganho obtido ficou visivelmente atrás daquele conquistado pelos exportadores dos EUA que, entre janeiro e julho (os dados de agosto ainda não foram divulgados) obtiveram só na região um aumento de volume de 52,8%.

Em sua análise, o USDA observa que, em 2010, a concorrência brasileira pode resultar em ligeiro declínio das exportações de frango dos EUA no mercado global. Entretanto, a contínua valorização do real em relação ao dólar começa a gerar um certo pavor nos exportadores brasileiros, que precisam aumentar não só as exportações, mas também as margens de lucro. Vem daí a conclusão de que essa situação deve ajudar os exportadores norte-americanos a manter a competitividade em relação ao frango do Brasil. No Oriente Médio, mas também em outros mercados importadores.


Não custa acrescentar que ainda existe grande diferença entre os volumes exportados pelos dois países para o Oriente Médio: o Brasil permanece à frente. Mas a diferença vem diminuindo a favor dos EUA, que avançam a olhos vistos naquele que foi o primeiro e continua sendo o maior mercado externo do frango brasileiro. E isso fica bem claro quando se constata (gráfico abaixo) que no qüinqüênio 2005-2009 as exportações dos EUA para o Oriente Médio aumentaram quase 200%, enquanto o incremento das exportações globais do país ficou em 33%.

Para melhor exemplificar, talvez seja suficiente acrescentar que no ano passado os 10 principais importadores de frango dos EUA (pela ordem: Iraque, Turquia, Emirados Árabes Unidos, Kuwait, Jordânia, Omã, Qatar, Barein, Arábia Saudita e Líbano) absorveram 7% do volume total negociado nos sete primeiros meses do ano, participação que no mesmo período de 2009 superou os 17%.

Feitas as contas, é bem provável que os ganhos obtidos neste ano pelos exportadores norte-americanos tenham se concentrado quase exclusivamente em mercados tradicionalmente atendidos pelo Brasil, visto que os dois grandes mercados do frango norte-americano - Rússia e China – vêm, em 2009, reduzindo significativamente suas importações.

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Avisite

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