Laep arrendará fábrica da Parmalat em Goiás para a Italac

Publicado em 19/03/2010 09:33
A Laep vai arrendar a planta de processamento de leite de Santa Helena de Goiás (GO), da Parmalat Brasil, para o laticínio Italac, que já tem cinco unidades no país e faturou estimados R$ 1 bilhão no ano passado.

Como a Parmalat Brasil está em recuperação judicial, a planta de Santa Helena e a de Itaperuna (RJ) não entraram na negociação que a Laep fechou com a Monticiano, da GP Dairy, no início desta semana. Nessa transação, a Monticiano, dona da Leitbom, formou, inicialmente, um consórcio com a Glória Alimentos e a Ibituruna, empresas da Laep, que tem três unidades: Governador Valadares (MG), Votuporanga (SP) e Guaratinguetá (SP). Essas fábricas foram adquiridas pela Laep depois que esta comprou a Parmalat Brasil, já em recuperação judicial, em 2006.

A direção da Laep confirmou a negociação para o arrendamento, mas não deu detalhes. Representantes da Italac não foram encontrados para comentar.

O arrendamento de Santa Helena, que tem capacidade de processamento de 500 mil litros de leite por dia, é mais uma das medidas tomadas pela Laep nos últimos meses para tentar driblar as dificuldades financeiras que perduram desde 2008.

Além do acordo com a Monticiano, no qual a Laep aportará os ativos da Glória e Ibituruna (fábricas e marcas) e a licença para uso da marca Parmalat até 2017 no capital da empresa em troca de uma participação de 40% das ações ordinárias, a Laep já havia vendido uma planta de Carazinho (RS) para a Nestlé, uma em Garanhuns (PE) para a Bom Gosto e os negócios da marca Poços de Caldas para a própria GP.

Para a Italac, que vem avançando nos últimos anos, o arrendamento significa ampliar as operações principalmente em leite em pó. Em entrevista ao Valor em novembro, o presidente da Italac, Claúdio Teixeira, disse que a meta é elevar a receita em 30% a 40% por ano. A média nos últimos anos foi de 30%. Teixeira informou ainda, na mesma entrevista, que a empresa deve investir R$ 60 milhões este ano para ampliar sua produção.

Hoje, a Italac tem cinco unidades: duas em Rondônia (Jaru e Ouro Preto d" Oeste), uma em Corumbaíba (GO), uma em Xinguara (PA) e uma em Passo Fundo (RS). Sua captação alcança 2 milhões de litros de leite por dia, volume igual ao que a empresa resultante da união da Monticiano com a Glória e a Ibituruna deve captar. Além de leite longa vida e queijos, a Italac produz achocolatados, leite em pó, soro de leite, leite condensado, creme de leite e manteiga.

O arrendamento da unidade de Santa Helena também pode ser uma boa notícia para produtores goianos que entregavam leite para a unidade. Há três meses eles deixaram de fazê-lo porque a Parmalat não acertou dívidas atrasadas desde agosto de 2009.

Segundo Edson Novais, gerente de estudos técnicos e econômicos da Federação de Agricultura de Goiás (Faeg), a Parmalat fez um acordo, no fim de 2009, para pagamento de uma dívida de R$ 6 milhões com 330 produtores de 20 municípios goianos. Pelo acordo, o valor seria pago em três meses, de dezembro de 2009 a fevereiro deste ano. Mas a empresa não pagou a parcela de dezembro, só quitou parcialmente a de janeiro e não pagou a de fevereiro. Ele estima a dívida hoje em R$ 4 milhões. Setenta produtores entraram na Justiça contra a empresa.

O presidente do Sindicato Rural de Santa Helena, Santo Garcia, disse que os produtores que deixaram de vender para a Parmalat passaram a entregar leite para outros laticínios, como o Piracanjuba e o Leitbom.

Uma fonte da Parmalat disse que a empresa pretende pagar esse débito com os produtores goianos até o fim deste mês.

As dívidas da Parmalat Brasil relativas à recuperação judicial, que começou em 2004, somam hoje R$ 40 milhões, com oito credores. A intenção da Laep é fazer com que toda a dívida seja convertida em capital da companhia.
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Fonte:
Valor Econômico

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