Carne de frango: disputa entre Rússia e EUA mais próxima de uma solução
A chamada acima, com certeza absoluta, não é inédita: foi publicada em várias ocasiões desde janeiro de 2010, quando os russos decidiram interromper as importações de carne de frango dos EUA sob o argumento de que o alimento é higienizado com cloro e, por isso, não faz bem à saúde humana.
Pois a mesma informação voltou a ser repetida ontem: “Rússia e EUA estão próximos de chegarem a uma solução que vai possibilitar a retomada do suprimento norte-americano ao mercado russo”, afirmou nesta quinta-feira o chefe dos serviços sanitários russos.
De acordo com a agência de notícias russa Ria Novosti, Gennady Onishchenko e o embaixador John Beyrle, dos EUA, mantiveram negociações no decorrer da semana passada e discutiram como “atender a demanda russa e evitar perdas para os EUA”. Chegaram a quatro pontos “mutuamente aceitáveis” a serem atendidos e que conduz a um novo acordo.
Não foi divulgado em que, exatamente, consistem esses quatros pontos. Tudo indica, porém, que a Rússia continua mantendo duas de suas exigências originais: a solução de cloro usada na higienização das carcaças não pode exceder os níveis normalmente aceitáveis para a água de bebida – 0,3-0,5 miligramas por litro; no “driping test”, o nível de hidratação das carcaças não pode exceder 4% do peso total da ave.
Analistas apontam ser provável um rápido acordo, com a retomada imediata das importações. Mas não, exatamente, porque os exportadores norte-americanos atendam às exigências russas (atitude que se dispuseram a adotar desde o primeiro momento) e, sim, porque a redução das importações (22% do abastecimento russo no ano passado) começa a ser sentida no mercado - via expressiva alta de preços.
Aliás, desde que as importações foram suspensas, os negociadores dos EUA alertaram que o procedimento iria recair sobre o consumidor – algo que não interessa ao governo russo, preocupado em segurar a inflação. Mas no primeiro trimestre do ano nada ocorreu (ao contrário, os preços recuaram), porquanto os importadores haviam se preparado previamente para a suspensão no abastecimento e formado altos estoques. Tudo indica, porém, que esses estoques se esgotaram a partir de abril, pois os preços passaram a se elevar.
Essa nova circunstância pode levar as duas partes a chegarem a breve entendimento. O que já não é sem tempo (ao menos para o exportador norte-americano): afinal, em breve serão completados 150 dias de suspensão da maioria dos embarques para a Rússia.