Após crise, suinocultura vive ciclo de recuperação

Publicado em 04/06/2010 08:19 e atualizado em 04/06/2010 09:25
Conjuntura: Custos de produção recuam e demanda está aquecida
Depois de um ano difícil, em que o mercado interno salvou a atividade, a perspectiva é positiva para a suinocultura brasileira. Nem a crise na União Europeia - que pode afetar o poder de compra no bloco - gera temor em empresas que atuam na cadeia de suínos, já que o Brasil ainda não exporta para países da UE e o mercado doméstico segue aquecido.

Se o quadro é otimista atualmente muito se deve ao fato de que 2009 foi ruim. Além de oferta de animais elevada, preços em queda e cotações deprimidas no mercado internacional, o setor sofreu com a gripe H1N1, em humanos, que popularmente foi chamada de "gripe suína" e acabou afetando a demanda. Diante dessas vicissitudes, o setor produtivo foi mais parcimonioso nos investimentos para recomposição do plantel de matrizes no ano passado. Assim, não há excesso de oferta de suínos hoje.

Fernando Pereira, presidente do grupo Agroceres, que controla a Agroceres PIC, empresa de genética suína, observa ainda "que há uma melhora de margem na suinocultura atualmente por conta da redução do custo de produção", outro fator positivo.

Segundo ele, com os preços mais baixos do milho e da soja há uma redução ente 10% e 21% nos custos da ração, que respondem por 75% do custo total de produção dos suínos. "A demanda por carne suína no mercado também é boa e o preço é mais competitivo que da carne bovina", acrescenta Pereira. A Agroceres também atua em nutrição animal, defensivos, sementes e produção de palmito.

Em 2009, a produção total de carne suína no país (comercial e de subsistência) foi de 3,2 milhões de toneladas, e a perspectiva, diz Pereira, é de um aumento de 1% este ano. "Não existe possibilidade de aumentar muito mais, pois não ocorrerá expansão de plantel [de suínos]. Não aconteceu povoamento de novas granjas desde abril de 2009" , explica. A razão para isso, acrescenta é que, com a crise, os suinocultores usaram menos tecnologia. Em tempos difíceis, a reposição diminui e os produtores estendem a vida das matrizes, diz.

No caso da Agroceres PIC, que comercializa reprodutores e matrizes suínos, as vendas caíram 4% em 2009, mas há expectativa de avanço este ano, com aumento de 8%. "Quando há recuperação, os níveis de reposição começam a se normalizar", argumenta.

Não à toa, a empresa investe na ampliação da oferta e de novos produtos. Sua já parceria, a Arapé, do grupo Amep, irá produzir bisavós e avós suínas com a genética da Agroceres, com investimento de R$ 12 milhões, em uma nova granja em Bambuí (MG). "O setor está crescendo e aumentando o nível de tecnologia", afirma Alexandre Furtado, diretor da Agroceres PIC.

Há otimismo também do lado da demanda por carne suína. No ano passado, foram 14 quilos per capita de carne suína no mercado doméstico, 500 gramas acima de 2008. Mas há espaço para mais, avalia Pereira. O consumo de carne bovina está na casa dos 40 quilos per capita.

Pedro de Camargo Neto, presidente da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne Suína (Abipecs), concorda que o quadro é positivo no mercado doméstico. "A demanda é boa e a oferta não é grande", diz o executivo. Ele afirma ainda que, até agora, a crise europeia não teve reflexos no setor. O Brasil exporta principalmente para Rússia, Hong Kong e Ucrânia.

No ano passado, o setor exportou 608 mil toneladas de carne suína e deve crescer "um pouco mais" em 2010, afirma Camargo Neto, sem citar percentuais.

Com 10% de seus volumes na exportação, a Aurora também vê um horizonte positivo, principalmente com o mercado interno. "Ano passado foi o purgatório para nós. Este ano é o céu", brinca o presidente da Aurora, Mário Lanznaster, uma das principais empresas do setor de suínos no país.

Para o dirigente, o aumento no poder de compra da população brasileira garante o crescimento do consumo de alimentos e favorece a carne suína. E, ao mesmo tempo em que a demanda é maior, não há expectativa de superoferta de suínos, diz Lanznaster.

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Fonte:
Valor Econômico

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