Ganhos do frango se concentram, todos, no segundo semestre
Levando em conta que esses ganhos foram obtidos em pouco mais de 60 dias, é praticamente inevitável concluir que o produtor vem ganhando um bom dinheiro e, portanto, não tem do que reclamar. Mas não é bem assim: os (aparentes) ganhos do segundo semestre estão servindo, apenas, para repor o que o setor perdeu no decorrer do primeiro semestre.
Essa é a realidade. Pois todo o ganho que o setor possa estar obtendo em 2010 está concentrado no segundo semestre, já que o primeiro foi só de perdas. Assim, consideradas as cotações vigentes no primeiro dia do ano e no encerramento do primeiro semestre, os preços recebidos pelo frango vivo em São Paulo e Minas encerraram o semestre com recuos de 15% e 6%, respectivamente. Dessa forma, a despeito dos quase 36% e dos mais de 32% obtidos a partir de 1º de julho, a variação no ano fica em 15% e 24%, também respectivamente.
Alguém, mais afoito, poderia considerar que esse é um bom ganho, pois muitíssimo superior à inflação acumulada no ano. Mas, neste caso, essa não é a realidade. Porque não são os preços ponta a ponta que mostram a real situação econômica de um setor e, sim, seu valor médio no decorrer do tempo. E, pelo menos até o último fim de semana, o valor médio do frango no ano permanecia (mercado paulista) quase 7% abaixo da média anual alcançada nos últimos quatro anos.
Ou seja: o frango vivo está em vias de fechar o quinquênio 2006-2010 com um preço ainda inferior aos observados no decorrer da mais profunda crise econômica experimentada pelo mundo em mais de meio século (2008 e 2009) e com um valor superior, apenas, ao registrado na abertura do quinquênio (2006). Mas os baixos preços de 2006 são justificados pela crise da Influenza Aviária. E em 2010?