Brasil foi o maior beneficiado com embargo russo ao frango dos EUA
A queda nas importações já era prevista e havia sido planejada pelo governo russo. Mas – pelo menos oficialmente – não nos níveis registrados, pois, considerado o sistema de quotas atualizado no ano passado, o volume importado deveria recuar não mais que 18% (de 952 mil toneladas em 2009 para 780 mil toneladas neste ano).
O “achado” russo para alcançar uma redução mais radical foi baixar novas normas sanitárias vetando o uso (na produção interna, mas também nas importações) do cloro e de seus derivados na higienização final das carcaças de frangos. Em decorrência, o fornecimento dos EUA (que utiliza o produto e é o grande fornecedor do mercado russo) apresentou queda de 94,4% no primeiro semestre de 2010, com índice similar de recuo no valor do produto exportado.
Quem mais se beneficiou dessa redução, conforme o USDA, foi o Brasil. Cujas exportações para a Rússia, no semestre, aumentaram 31,2% em volume e 53,5% em valor. Um crescimento que fez o frango brasileiro superar (em valor e volume) o produto norte-americano.
Por outro lado, ainda que o volume das exportações brasileiras para a Rússia tenha correspondido a menos de um terço do total registrado no semestre (31,2% do Brasil, contra 53,3% da União Europeia e apenas 12,9% dos EUA), a receita auferida ficou muito próxima daquela obtida pela União Européia (64,4% do Brasil, contra 68,7% da EU e 12,7% dos EUA).
Notar que as importações efetivadas nos seis primeiros meses de 2010 corresponderam a apenas 15% do volume estipulado nas quotas de importação governamentais. E uma vez que só agora, em setembro, o embargo ao frango dos EUA começou a ser equacionado, está claro que a quota jamais será alcançada. A mais recente previsão do USDA indica importações de 500 mil toneladas. Considerado, no entanto, o que foi importado no primeiro semestre, é provável que o total de 2010 não chegue a 50% disso.