Novos rumos do glicerol para a nutrição de aves
A disponibilidade da glicerina bruta no Brasil aumentou consideravelmente nos últimos anos, com o salto na produção de biocombustíveis, mas só recentemente, em setembro de 2010, o Ministério da Agricultura aprovou a inclusão do glicerol como ingrediente para ração animal. De acordo com o engenheiro agrônomo Jose Fernando Machado Menten, professor do departamento de zootecnia da Esalq-USP, o produto apresenta um ótimo potencial nutritivo para a nutrição animal.
"O nível de energia da glicerina é superior ao dos principais ingredientes da ração. O que pode acontecer é a glicerina ter maior ou menor quantidade de água, que pode ter até 12%, o que reduz um pouco o nível energético, mas a glicerina absorvida pelo animal tem um aproveitamento muito bom. Os experimentos mostram que mais ou menos 95% da energia bruta da glicerina é convertida em energia metabolizável das aves. Isso é superior até ao do que existe nos outros alimentos", explica.
Os primeiro trabalhos com o uso de glicerina na nutrição animal aconteceram na Europa, direcionados para ruminantes, tanto vacas leiteiras como bovinos de corte. No Brasil, a adaptação da tecnologia para a nutrição de suínos e aves é foco de estudo em diversas entidades de pesquisa, como as Universidades Federais de Uberlândia, Maringá e Londrina, entre outras. Em experimentos de laboratório, a tecnologia já demonstrou bons resultados. De acordo com Mentem, agora só depende das empresas para que o produto comece a ser comercializado.
"As empresas, a partir de agora, têm que registrar o produto no Mapa e garantir a qualidade dentro dos padrões que o ministério estabeleceu, que é de, no mínimo, 80% de glicerol na glicerina, no máximo 12% de umidade e no máximo 150 ppm de metanol, além de demonstrar os niveis de sódio e cloro no produto. A partir desse registro, os produtos poderão ser comercializados", diz o pequisador.