Exportação de carne suína voltará a atingir 600 mil t em 2011
Em 2011, os preços devem se manter elevados no mercado interno, favorecendo o segmento. O impacto da alta do preço das commodities deverá ser repassado aos produtos, mas não deve trazer forte impacto para o setor. Segundo Camargo Neto, a alta nos preços das commodities só é ruim quando o consumo é baixo, o que não acontece neste momento. "Nós temos que lidar com essas instabilidades", diz.
Camargo Neto analisa que 2012 será o ano para ultrapassar fortemente a marca de 600 mil toneladas exportadas, já que este será um ano de sedimentação do setor e de iniciativas visando conquistar, em especial, a abertura de países da Ásia como Japão, Coréia do Sul e China. "Essa conquista deve mudar a equação do mercado", diz Camargo Neto, ressaltando que os três países são fortes importadores e devem sustentar o crescimento do volume de carne suína exportada.
Em relação ao Japão, representantes do governo brasileiro estão nesta semana no país negociando para que haja uma primeira visita técnica ao Brasil.
"O Japão representaria uma conquista muito grande, porque importa 1,1 milhão de toneladas. Se conseguíssemos 30% desse mercado, já teríamos um volume de 300 a 400 mil toneladas, o que já é quase metade do nosso total exportado", diz.
A Coréia do Sul também é um mercado estratégico porque o país é terceiro maior comprador de carne suína. "O país vai importar 200 mil toneladas a mais este ano", diz Camargo Neto, preocupado, no entanto, com a oportunidade que o Brasil perdeu de ingressar neste mercado. Atualmente, a Coreia do Sul enfrenta um forte surto de febre aftosa e o país precisará aumentar as importações para suprir sua demanda, já que mais de um milhão de suínos tiveram que ser sacrificados em virtude da doença.
"O Brasil perdeu o bonde, o momento. Os coreanos vieram aqui, identificaram um problema, mas o Brasil demorou para responder a eles", afirma. Hoje, mesmo com a resposta do governo brasileiro de que essa falha foi resolvida, o governo coreano está mais preocupado em conter e solucionar os problemas sanitários internos que enfrenta, e não agenda uma nova visita ao Brasil.
No caso da China, a negociação é a mais adiantada, informa Camargo Neto. Mas também a mais imprevisível. O país já completou a primeira e a mais complicada etapa da negociação, que consiste na análise da saúde animal. Mas ainda precisa agendar uma segunda visita para analisar a saúde pública, que está mais concentrada nas fábricas e na produção. O presidente da Abipecs diz que não se sabe quanto tempo a China pode demorar para dar esse segundo passo. "A China é o país mais difícil de prever. A gente não consegue entender como funciona o processo. Eles não têm transparência", explica.
No que se refere à exportação para os Estados Unidos, aberta no final do ano passado, e para a União Européia, ele explica que o relacionamento é importante para propagar a imagem do produto brasileiro, mas não representa muito em volume. "Estados Unidos e União Européia são grife para o Brasil, mas não trazem muitas toneladas", diz.
Assim que os Estados Unidos habilitarem as plantas brasileiras, o que está em processo de definição, a expectativa é que o Brasil exporte, pelo menos, 10 mil toneladas no primeiro ano de relacionamento com o país. A meta é chegar a um total de 40 mil toneladas.
Camargo Neto lembra que a abertura do mercado americano só ocorreu como moeda de barganha no contencioso do algodão, em que o Brasil obteve vitória na Organização Mundial do Comércio (OMC) contra os subsídios pagos ao produtores da pluma dos Estados Unidos. Segundo ele, o grande desafio para o Brasil abrir novos mercados consumidores, hoje, é a sanidade animal e o reconhecimento de um status positivo por outros países importadores de carne suína. "O Brasil deveria lutar mais por isso", pede.
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