Alta do preço do milho faz avicultores reduzirem plantel em SP
Há mais de 20 anos Geraldo Tomazela é criador independente de frangos. Por conta da alta nos preços do milho, ele teve de diminuir muito a produção. Em setembro do ano passado, o produtor tinha oito mil frangos de corte. Hoje, são apenas dois mil. No mesmo período, a saca de milho passou de R$ 19 para R$ 30.
“Não tinha outra alternativa porque não consegui passar para o consumidor final esse aumento no custo de produção. O frango subiu pouca coisa para o consumidor e o custo de produção subiu muito para o produtor. Então, ficou difícil trabalhar”, avaliou Tomazela.
O milho é a base da ração que alimenta os frangos. E diminuir o grão é praticamente impossível. O avicultor que não reduziu a produção busca alternativas para evitar os prejuízos, como a empresa de Itapetininga. A cada 45 dias, quarenta mil aves saem para o abate. Os animais consomem só de milho uma média de 120 toneladas.
O técnico agrícola Paulo Ramos explicou que a empresa exige mais economia dos integrados e tenta diminuir outros gastos. “O que a gente tem feito é cotar preço da ração e da medicação dos frangos para ver se a gente tem um lucro maior no final”, detalhou.
A criadora Eliete Rocha, integrada da empresa, disse que intensificou os cuidados para evitar desperdícios de ração. “Tem que ter o máximo de cuidado para não desperdiçar mesmo. Conforme vão crescendo, diminuímos o volume da ração”, esclareceu.
Na granja de frangos, no município de Tatuí, em São Paulo, são criadas 80 mil aves. “A situação está bem difícil. A gente tem tentado diminuir ao máximo o custo da ração através de um prazo mais curto de compra para poder comprar os insumos por um preço menor e facilitar nossa sobrevivência no mercado. No momento não pensamos em diminuir a produção. O consumo ainda está bom frente à carne do boi, que está um pouco mais cara. Mas se continuar com esse valor do preço do milho a gente pensa em reduzir a criação”, avisou Sandro del Ben, veterinário e responsável técnico da integradora.
Os produtores independentes representam 7% da produção estadual. “A situação para ele é mais difícil. Só para se ter uma ideia; para criar um frango que consume uma média de cinco quilos de ração, há poucos meses gastava-se menos de R$ 3. Hoje, gasta-se R$ 4 ou mais, ou seja, houve um aumento de custo em torno de 40%. Como o criador tem uma estrutura de financiamento bem mais frágil, ele não tem como repor o plantel e a tendência é sempre reduzir. O repasse de alta do custo de produção não acontece tão facilmente porque os preços da carne de frango são muito menos elásticos do que as outras carnes. O que acontece com o atual preço do milho, que na grande Campinas chega a R$ 32 a saca, é que toda a cadeia produtiva está sofrendo com isso, independente do tamanho”, esclareceu Érico Pozzer, presidente da Associação Paulista de Avicultura.
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