Oferta de leite sofre queda no mercado brasileiro

Publicado em 28/04/2011 10:08
SP foi o Estado que teve maior redução no volume entregue à indústria no mês passado.
Redução da oferta de leite no mercado brasileiro foi sentida pelos produtores. São Paulo foi o Estado que teve maior redução no volume entregue à indústria no mês passado, cerca de 6%. Isto resultou no aumento no preço pago ao produtor, mas, ao mesmo tempo, subiu o custo com a alimentação das vacas.
 
Para a maioria dos brasileiros, um cafezinho novo, feito logo cedo, fica melhor pingado, como se diz em algumas regiões. Na cozinha de Beatriz Diniz há fogão à lenha, café passado no coador de pano e uma leiteira cheia do lado. Ela vive com o marido, Plauto Diniz, em uma fazenda de gado leiteiro em Caçapava, no interior de São Paulo.

Diniz é militar aposentado e há dez anos assumiu a propriedade da família. Cria 50 vacas da raça girolando, mas só 30 estão em lactação. Ele chega a tirar 250 litros por dia. O leite é resfriado em um tanque até que o caminhão da cooperativa venha pela manhã recolher o produto. Na propriedade, é feita a primeira análise do leite.

– É um processo rigoroso, mas a maior parte da análise e feita no laboratório da cooperativa – explica Lelis Berti, funcionário da cooperativa.   

Além dos cuidados sanitários, que são muito rigorosos neste tipo de produção, quem trabalha com gado de leite costuma dizer que tem que se desdobrar para equilibrar as contas no fim do mês. O preço do leite subiu nos últimos meses para o produtor, mas os gastos com alimentação também.

Na propriedade de Diniz é utilizado o sistema de semiconfinamento, o gado fica boa parte do dia no pasto, mas muito também no cocho se alimentando. A ração é preparada com capim triturado, farelo de trigo e cevada, itens que subiram muito também nos últimos meses.

– Os gastos que temos aqui são naturais que qualquer fazenda de leite. Mão de obra, custo do trator, gasto com combustível, gasto de luz, porque aqui também se tira leite em ordenha mecânica – explica o produtor.

Na relação de preços anotadas por Diniz, entre o recebido pelo litro de leite e os custos, chama a atenção os gastos com a cevada. A tonelada subiu de R$ 830 para R$ 941 do mês passado para este. Para alimentar as 50 vacas, o produtor gasta aqui 20 toneladas por mês. O preço do leite subiu R$ 0,12 este ano. Em janeiro ele recebeu R$ 0,72 centavos. Agora recebe R$ 0,84 pelo litro.

 – Não está bom porque mal pago as despesas.

O último levantamento feito pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) mostrou que na media nacional o produtor recebeu pelo litro de leite no mês passado R$ 0,75. A pesquisa foi feita em SC, PR, MG, GO e BA, que são os principais produtores. Em relação ao mês de fevereiro, o aumento foi de quase 3%.

A explicação está na redução da oferta do produto. Isso porque já esta faltando pasto no campo. Outra justificativa é o aumento dos custos de produção.

– O preço médio hoje pago ao produtor é de R$ 0,80. Só que o custo de produção ano passado era mais baixo. Eu acredito que o preço pago ao produtor vai aumentar porque o custo de produção esta muito mais alto – relata Jorge Rubez, presidente da Associação Brasileira de Produtores.

Mesmo quem nunca foi a uma fazenda percebe a mudança quando vai ao supermercado.

– Quase R$ 3 o litro de leite, então eu acho que é muito – comenta a auxiliar administrativa Camila Santos.

Responsável pelo setor de mercearia de um supermercado, Wagner Carvalho diz que não é o varejo quem esta ganhando. Em fevereiro o litro da marca mais barata do leite integral custava R$1,79. Hoje esta R$ 1,99. De outras marcas chega a R$ 2,15. Se tivesse que aplicar o reajuste da indústria, seria R$ 2,40 diz ele. O gerente não seguiu as contas a risca para não perder cliente.

– A gente deixa o custo mais baixo e não aumenta o que eles passam pra gente. Agora meu custo já esta quase igual ao valor que eu estou vendendo na loja. Daqui a uns dias já vou ter que mexer no preço do leite – conta Carvalho.

– Essa entresafra será daqui a três meses. E vai cair mais a produção de leite. Porque hoje o meu pasto está verde, mas daqui a três meses ele estar seco – afirma o produtor Diniz.

– A questão da safra e entresafra deixou de existir. O que funciona para o produtor é preço. Se tem preço ele produz, se não tem preço ele não produz – explica Rubez.

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Fonte:
Canal Rural

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